Como são pitorescos os petistas!
O prefeito Fernando Haddad, o “Homem Novo”, cortou canetas, lápis e cadernos do material escolar distribuído aos estudantes da rede municipal — material que ainda não começou a chegar, é bom que fique claro, a exemplo dos uniformes, também atrasados. Havia 41 itens no kit, agora reduzidos a 22. Bem, imaginem se a decisão tivesse sido tomada por um tucano. A rede petralha na Internet já estaria acusando a Prefeitura de detestar os pobres, de discriminar os humildes e, claro!, de ser também racista, já que alguém daria um jeito de demonstrar que a maioria dos beneficiários é composta de negros e mestiços. Vocês sabem como funciona a máquina de difamação dessa gente.
Pois bem. Setores da imprensa têm alguns, como posso chamar?, “queridinhos” na gestão Haddad. Roberto Porto, secretário de Segurança, é um deles. Outro é o da Educação, Cesar Callegari — que afirmou à Folha que a Prefeitura pode repor material escolar caso o novo kit se mostre insuficiente. Certo. Ao jornal, deu ainda uma declaração, como chamarei?, estonteante. Leiam.
Entendi. A pobrada estava deitando e rolando com o farto material que lhe fornecia a Prefeitura. Depois de uma pesquisa profunda, detalhada, meticulosa, os petistas concluíram que as donas de casa estavam usando folhas de caderno para fazer lista de supermercado. Lista de supermercado???
Em que mundo vive o doutor? Ninguém mais faz isso hoje em dia. Os hipermercados estão em baixa — as grandes redes aderiram ao modelo dos mercadinhos — porque não existe mais essa história de lista. As donas de casa vão comprando as coisas aos poucos, ao longo do mês. Mas, para sabê-lo, é preciso conhecer pobres de verdade, não aqueles que aparecem nos manuais petistas.
E parece que noto também uma certa tentação anticonsumista na medida de Callegari. Ao escrever, nesta manhã, sobre as baixarias da petezada contra a médica cubana, afirmei que o PT se mostra homofóbico, falso-moralista, misógino e racista se julgar que isso é episodicamente bom para o partido.
E, como a gente nota, sempre por bons e nobres motivos, pode ser também antipobre. O doutor Callegari acha que, se der menos cadernos, canetas e lápis para o povo, estará contribuindo para a sua educação. Caneta não é pra qualquer um; só para quem sabe usá-la.