O falso lapso de Cabral
Faz tempo que o governador do Rio, Sérgio Cabral, é o preferido do presidente Lula. Por mais que Aécio Neves (SDB-MG) se esforce, Lula deve achar que lhe sobra cálculo e falta amor genuíno. Com Cabral, não. É identidade total. Sem contar que o governador tá doidinho para, como dizer?, assumir desafios maiores do que […]
Faz tempo que o governador do Rio, Sérgio Cabral, é o preferido do presidente Lula. Por mais que Aécio Neves (SDB-MG) se esforce, Lula deve achar que lhe sobra cálculo e falta amor genuíno. Com Cabral, não. É identidade total. Sem contar que o governador tá doidinho para, como dizer?, assumir desafios maiores do que governar o estado, entendem? Parece que, ali, ele já resolveu tudo.
Por que isso? Na tal cerimônia do PAC, ver abaixo, Cabral referiu-se à ministra da Casa Civil como “presidente Dilma”. Parte da imprensa está chamando o gracejo de “ato falho”. Foi o jeito que o governador encontrou de se solidarizar com Dilma sem ter de fazer discursos ou atacar a oposição. Adapta-se, também, digamos assim, ao método Lula de fazer política, em que a banalidade não se distingue da coisa séria.
A frase foi esta: “Este empreendimento também tem a rubrica da presidente Dilma. Opa, eu quis dizer ministra Dilma. Já estou confundindo as bolas aqui”. Qualquer psicanalista diria melhor do que eu:
– presidente e ministra têm sexos distintos; dificilmente o cérebro e Cabral operaria tal troca, a menos que pensasse coisas inconfessáveis;
– desconheço ato falho que seja corrigido assim, tão ligeiro, sem interpor, entre o lapso e correção, nada mais.
Cabral sempre foi visto como um bom vice para a ministra; a depender do caso, titular mesmo, se Lula não conseguir emplacar o seu “braço esquerdo”. A dengue, no Rio, sem dúvida, a tanto o habilita. Quem sabe o “presidente Cabral” indicasse José Gomes Temporão para o Ministério da Saúde. Assim, na pasta, continuaria tudo igual: só mudariam os mosquitos.