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Reinaldo Azevedo

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O diretor da Petrobras que “enfia o dedo” na democracia e “rasga-a”. Ele ainda não foi demitido, Graça Foster?

José Eduardo Dutra, Diretor Corporativo e de Serviços da Petrobras, postou em seu perfil no Twitter, como viram, a seguinte mensagem quando se informou o resultado da pesquisa Ibope sobre a popularidade de Dilma: “Como se diz lá em Sergipe, enfia o dedo e rasga”. Escrevi um post a respeito. Em qualquer país do mundo […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 09h09 - Publicado em 7 abr 2012, 07h17
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  • José Eduardo Dutra, Diretor Corporativo e de Serviços da Petrobras, postou em seu perfil no Twitter, como viram, a seguinte mensagem quando se informou o resultado da pesquisa Ibope sobre a popularidade de Dilma: “Como se diz lá em Sergipe, enfia o dedo e rasga”. Escrevi um post a respeito. Em qualquer país do mundo que não estivesse moralmente corrompido, seria demitido no ato. Aqui, há o risco de o acharem espirituoso. Até cheguei a imaginar um diálogo seu com a presidente da empresa, Graça Foster, que era a musa do gás e agora é a minha musa muito além dos pélagos, como diria o poeta. Camões tinha as ninfas do Mondego; Adamastor tinha Tétis. Ulisses corria o risco de ser tragado pelas sereias e botou cera nos ouvidos. No Brasil, a gente venda os olhos e mergulha nas profundezas do pré-sal…

    É um esculacho! A Petrobras é uma empresa de economia mista, com ações negociadas em Bolsa. Está servindo à politicalha. Não por acaso, o mercado deu um tombo nas ações da empresa. Percebeu que está sendo gerida por políticos, não por técnicos. Na segunda, Graça deveria pôr o autor da graça na rua. Mas não vai. Não vai porque não quer. Não vai porque, ainda que quisesse, não poderia.

    Dutra resolveu escrever mais quatro tuítes, aí como reação aos meus posts. Vejam abaixo.

    dutra-mais-tuites

    Voltei
    No primeiro, diz que está rindo dos seus “trolls” e dos que xingam a sua mãe. Não creio que estivessem fazendo isso. Mas, se fosse verdade, por que riria esse rapaz? A possibilidade de que ainda não tenha encontrado o remédio certo é grande.

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    Em seguida, estranhou a reação, já que havia postado a mensagem havia dois dias. Aí descobriu o motivo: “Ah bom! Agora entendi. Foi aquele blogueiro especialista em baixarias que determinou ordem unida aos pseudo indignados . Não vou nem dormir”. Está se referindo a mim, claro! O diretor de Assuntos Corporativos e de Serviços recomenda à oposição: “Enfia o dedo e rasga”, mas diz que sou “especialista em baixarias”.

    Mesmo??? Neste blog, não se recorre a palavras de baixo calão. Muito pelo contrário! Num outro tuíte, ele diz que vai assistir à novela “Avenida Brasil”. Pois é… Baixaria? Eu poderia tratar de lixão, por exemplo, quando falo sobre as suas peripécias, mas recorro a Castro Alves, a Camões, a Homero… Só nomes superiores, mesmo quando o assunto é inferior. Os meus leitores merecem o melhor.

    Aí se nota o tom de desdém: “Nem vou dormir”. Tudo muito adequado ao perfil e à história desse gigante, que conheço faz tempo. Não conciliair o sono, de fato, não é para qualquer um… Ele não se lembra, mas eu sim! Em 1996, almoçamos juntos no restaurante do Senado. Uma jornalista nos acompanhava. Dutra fazia a linha “amigão da imprensa”, papel que os petistas representavam à perfeição quando na oposição. Ali, no bandejão — um petista entre o povo —, fiquei espantado com a sua capacidade de fazer fofoca e com sua vocação para a maledicência, muito especialmente contra seus colegas. Um especialista em baixaria!

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    Eu era coordenador de política da Sucursal de Brasília da Folha e tinha de ir à Casa de vez em quando dar as caras, fazer os tais contatos e coisa e tal. Vida de jornalista não é fácil. Enquanto tentava vencer um bife duro e frio e uma comida notavelmente salgada — nada estraga mais um prato do que o excesso de sal! —, pensava: “Santo Deus! Isso vai ser poder um dia!” Eis aí.

    Não! Não há baixaria neste blog, como sabem os leitores decentes e todos os petralhas. Digamos que houvesse, uma coisa ao menos se deveria dizer em favor da página: não seria financiada com dinheiro público. Eu jamais usei uma estatal para fazer carreira, para fazer proselitismo político, para me eleger e depois para arrumar um empregão. Ao contrário até: ajudei a fundar, quando era “criança”, um sindicato de professores da rede privada de ensino. Não só não me aproveitei disso como mudei de área pouco tempo depois. Acredito em ganhar o pão com o suor do próprio rosto — não com o do alheio.

    Eu quero ver é o “geólogo” José Eduardo Dutra ganhar a vida com a sua expertise, com o seu talento, com o seu conhecimento técnico,  não como esbirro de um partido. Mas isso eu não verei. Baixaria é ser regiamente pago para servir a uma empresa que, em boa parte, pertence a todos os brasileiros e usar tal condição para fazer proselitismo político de baixo calão. Corresponde a enfiar o dedo na democracia e rasgá-la. É o que ele seus companheiros fazem todos os dias.

    Só eles? Não! A lambança, já disse, como evidencia o esquema de Carlinhos Cachoeira — acreditem: ele só é um amador atrevido; os profissionais mesmo estão nas sombras —, é ecumênica. Mas só os petistas transformaram o mau-caratismo numa categoria de pensamento, numa teoria do poder e numa herança que pretendem virtuosa, a ser seguida pelos pósteros.

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