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Reinaldo Azevedo

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Nome de Lula é citado por segundo delator em tramoia envolvendo empréstimo fraudulento

Nestor Cerveró confirma depoimento de Fernando Baiano, diz que atuou para resolver pendência do partido envolvendo contrato de navio-sonda e que o chefão petista o recompensou com cargo na BR Distribuidora. E ex-presidente, acreditem, não é nem mesmo um investigado na Lava Jato. Por quê não? É uma pergunta sem resposta

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 23h44 - Publicado em 12 jan 2016, 04h28

Ai, ai… Pobre petelândia! Mal teve tempo de comemorar, e uma nova bomba estoura no quintal dos vermelhos de raiva, mas nunca de vergonha. Na edição de ontem, o jornal Valor Econômico publicou a informação de que, em sua delação premiada, Nestor Cerveró resolvera implicar o governo FHC. Já chego lá. Os companheiros soltaram rojão. O foguetório durou pouco. A Folha informa nesta terça que o mesmo Cerveró afirmou, em seu depoimento, que o então presidente Lula só lhe deu um cargo, em 2009, na BR Distribuidora porque ele, Cerveró, contribuíra para resolver uma questão envolvendo um empréstimo fraudulento, mais um, para o PT.

E como é que a questão foi resolvida? Ora, com dinheiro público, é claro! Atenção! É a segunda vez que o nome de Lula aparece envolvido nessa operação. E, ora vejam, não há nem mesmo um inquérito em que ele conste como investigado. São os mistérios da Operação Lava-Jato.

Delação Cerveró um

Relembro. Em 2004, o braço financeiro do Grupo Schahin emprestou R$ 12 milhões ao pecuarista José Carlos Bumlai, amigão de Lula. O homem era apenas laranja da operação. O dinheiro, na verdade, era destinado ao PT — parte dessa grana, pelo menos R$ 6 milhões, seria para o pagamento de chantagistas, que ameaçavam envolver Lula e Gilberto Carvalho no assassinato de Celso Daniel.

Muito bem! Em 2006, essa dívida já andava na casa dos R$ 60 milhões. Como pagar? Simples: o então diretor da área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, confessa que ele viabilizou um contrato para que o Grupo Schahin passasse a administrar o navio-sonda Vitória 10.000, da Petrobras. Valor da transação: US$ 1,6 bilhão. E o banco esqueceu a dívida, que, então, na prática, foi paga pela Petrobras.

Só para lembrar: os diretores do Grupo Schahin já admitiram que o dinheiro era para o PT, não para Bumlai, e que a dívida nunca foi paga — ou melhor: foi, mas por intermédio do contrato com a Petrobras. Bumlai já admitiu que serviu de laranja e que parte daqueles R$ 12 milhões foi enviada ao PT de Santo André. Agora sabemos que Cerveró também confirma que o contrato do navio-sonda foi usado para saldar a pendência. Só o PT continua a negar a tramoia.

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Em seu depoimento, Cerveró, que foi diretor da área Internacional da Petrobras entre 2003 e 2008, admite que Lula lhe ficou muito grato por ter viabilizado a operação do navio-sonda, o que lhe teria rendido também o apreço do PT. Em 2008, o então presidente decidiu indicá-lo para a diretoria financeira da BR Distribuidora, onde entrou em 2009. Atenção! Ele só se tornou o titular absoluto do cargo, o diretor pra valer, a partir de 2011, já no governo… Dilma Rousseff. Permaneceu na função até março de 2014, quando estourou a Operação Lava-Jato. Lembre-se: àquela altura, Cerveró já tinha em seu currículo a desastrada compra da refinaria de Pasadena. É asqueroso.

Há mais: o depoimento de Cerveró coincide, no detalhe, com o de Fernando Baiano. Este já havia afirmado que se mobilizara para tentar manter o outro na diretoria Internacional, mas que isso se mostrava impossível. Bumlai, o amigão de Lula, então lhe telefonou de Brasília afirmando que havia conversado com o então presidente e que este lhe assegurara que Cerveró seria beneficiado com o cargo na BR Distribuidora. E ele foi.

Outros
Cerveró disse mais. Afirmou que Lula encarregara José Eduardo Dutra, então presidente da Petrobras, de esvaziar a CPI que investigava lambanças na estatal. Em 2012, teria sido chamado por Renan Calheiros (PMDB-AL), hoje presidente do Senado, que andava inconformado com o fato de a BR Distribuidora não estar fazendo o pagamento regular de propina. Em 2013, o senador Fernando Collor (PTB-AL) lhe teria dito que Dilma, em pessoa, havia posto todas as diretorias da BR Distribuidora à sua disposição…

delação Cerveró dois

delação cerveró três

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delação cerveró 4

E o governo FHC?
O ex-diretor da Petrobras afirmou ainda que, durante o governo FHC, a aquisição do conglomerado de energia argentino PeCom (Pérez Companc) pela Petrobras envolveu propina de US$ 100 milhões. Mas isso é tudo o que se tem. Não está claro quem teria recebido o dinheiro, que conexões haveria com autoridades do governo ou mesmo com políticos e partidos. Ora, ora… Que se investigue tudo, não é mesmo?

Ainda que a acusação seja nebulosa e um pouco frouxa, é preciso ir atrás, sim. E, por óbvio, à diferença do que pensam os petistas, ainda que tudo fosse verdade, uma mão não justificaria a sujeira da outra.

Concluo
A esta altura, parece restar poucas dúvidas de que o empréstimo do Grupo Schahin era para o PT, não para Bumlai; de que o empréstimo jamais foi pago — e a parte que lhe era devida, o grupo tirou do acordo para a operação do navio-sonda, uma bolada de US$ 1,6 bilhão. É o que dizem os próprios diretores do Schahin, que emprestaram a grana. É o que diz Bumlai, que serviu de laranja. Agora, dois outros depoimentos ligam Lula diretamente à operação fraudulenta: o de Fernando Baiano e o do próprio Cerveró, que viabilizou o contrato do navio-sonda e admite ter recebido, como paga, um cargo na BR Distribuidora. Em 2011, foi promovido por Dilma Rousseff.

E, acreditem, depois de tudo isso, Lula não figura ainda como investigado na Operação Lava-Jato.

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Como explicar? Não há explicação!

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