Não sei dirigir, mas sei que não sei
Estou aqui num intervalo entre uma coisa e outra, com o laptop no colo. Quentinho… Tudo muito divertido. “E aí, já morreu?” “Já arrancaram o tumor?” E delicadezas afins. São aqueles que me dizem: “Ficou sozinho, hein?” Pois é. Vamos ver se Joaquim Barbosa vai dar mais atenção à corja que aplaudiu o seu destempero […]
Estou aqui num intervalo entre uma coisa e outra, com o laptop no colo. Quentinho… Tudo muito divertido. “E aí, já morreu?” “Já arrancaram o tumor?” E delicadezas afins. São aqueles que me dizem: “Ficou sozinho, hein?” Pois é. Vamos ver se Joaquim Barbosa vai dar mais atenção à corja que aplaudiu o seu destempero ou às censuras muito sensatas que lhe foram feitas por seus pares e pelos editoriais dos jornais nesta sexta. Aplauso de funcionários de partido na Internet? Pfui… Aplauso nas ruas? Isso é coisa de astro pop, não de membro do Supremo.
Não é só no Supremo, não. Em qualquer lugar e em qualquer atividade, o recomendável é que as pessoas parem de fazer folclore de uma suposta visão alternativa de mundo com o objetivo de compensar suas deficiências. Tomo por mim. Não dirijo. Durante algum tempo, tentei dizer a mim mesmo: “Você não gosta disso; é muito aborrecido”. Era mentira! É que eu enxergava mal pra caramba — enxergo ainda (vejo bem com a mente, rá, rá, rá). Por isso não dirijo. E, como diria o ministro Joaquim Barbosa, respondo pelos meus atos: seria uma temeridade também com os outros. E, bem, falta-me temperamento: era alguém (eis um uso luxuoso do verbo no imperfeito…) me dar um pito, por meio de uma buzinada, por causa de uma barbeiragem minha, e eu botaria a cabeça pra fora do carro:
— Você está destruindo o trânsito! Eu não sou seu jagunço no Mato Grosso. Respeito!
E continuaria a fazer barbeiragens.
Não sei se a expectativa do exame de logo mais está me deixando muito sutil. Mas o fato é que não tenho temperamento, competência mesmo, para dirigir, entendem? Então não dirijo. O pior que poderia acontecer seria sair à rua com meu carro, sentindo-me e sabendo-me um motorista pouco hábil. Resultado: estaria predisposto a arrumar confusão. Boa parte dos males que nos afligem está, de fato, dentro de nós. Os físicos e os morais.
Fico sabendo agora que Joaquim Barbosa foi ouvir a voz rouca das ruas e foi aplaudido. Pois é… Já pode se candidatar a algum cargo. Ministro de Supremo não tem de ser popular. Tem de ser justo. Do contrário, em vez de elevar o senso de justiça do povo por meio do rigor legal, é o povo quem rebaixa o seu por meio da paixão pelo jutiçamento.
Joaquim Barbosa, definitivamente, não sabe dirigir.
Fui chamado. Até mais.
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