Na Folha, 50 perguntas que Lula não respondeu
Já escrevi aqui e reitero: há uma diferença entre os famosos debates promovidos pelas TVs e as sabatinas e entrevistas com jornalistas. Os debates já são uma fórmula vencida. Só fazem algum sentido no segundo turno. E olhem lá… Nenhuma regra obriga, por exemplo, o candidato a responder uma pergunta. Lembram-se da tática Maluf? O […]
Lula não foi à sabatina do Globo e também não compareceu, ontem, à da Folha. O jornal publica nesta quinta 50 perguntas que poderiam ser feitas a ele. Vejam vocês: o Apedeuta está deixando claro que não dá a menor pelota para o público que lê jornal. Desconfia que uma boa parte não deve mesmo votar nele. Não porque seja rico, mas porque é mais informado. O público de TV é bem mais amplo. Não comparecer seria extremamente antipático. Até arriscado. Mesmo correndo o risco de ser esmagado, como foi por William Bonner e Fátima Bernardes, o Apedeuta encarou o Jornal Nacional. Com o jornalismo escrito, ele nunca quis muita conversa. Faz sentido… Seguem abaixo algumas das perguntas da Folha e link para a íntegra. Em tempo: de todas as perguntas, a que mais me deixou curioso foi a 36…
7. Por que o espetáculo do crescimento prometido pelo sr. não aconteceu?
13. O sr. defende a adoção de nova idade mínima para aposentadoria?
14. O sr. planeja algum tipo de mudança na legislação trabalhista durante seu segundo mandato? Quais mudanças, por exemplo?
16. O sr. não vê constrangimento no fato de um de seus filhos, sócio da Gamecorp, ter se associado à Telemar, empresa de grande porte que depende de decisões do governo?
22. Mesmo após críticas de que se trata de um golpe parlamentar, o sr. mantém a idéia de convocar uma Constituinte para fazer a reforma política? Por quê?
36. Qual o último livro que o sr. leu? Poderia comentá-lo?
37. Por que o seu governo agiu para expulsar o jornalista Larry Rohter do Brasil? O sr. se arrepende disso?
41. O sr. se preocupou em saber a origem do dinheiro que seu amigo e presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, diz ter usado para pagamento de suposto empréstimo do PT ao sr.?
43. Por que o sr. não determinou, como manda a lei, uma investigação policial sobre o assunto seis meses antes de ele surgir na imprensa, quando o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) disse ter feito o primeiro alerta ao sr.?— Jefferson declarou à CPI dos Correios e à Folha que o primeiro alerta pessoal que lhe fez sobre a existência do mensalão ocorreu em seu gabinete presidencial, em janeiro de 2005. Segundo Jefferson, o sr. teria dito: “Mas que mensalão, Roberto?”. Quando o deputado contou, o sr. teria ido às lágrimas. O inquérito para tratar do mensalão só foi aberto pela Polícia Federal, contudo, em junho de 2005, após as entrevistas dadas por Jefferson à Folha.
44. O sr. recebeu alguma ligação de José Dirceu no dia 18 de junho de 2002 para vir a Brasília e resolver a aliança com o PL? O sr. confirma ter feito o comentário “está liquidado o assunto” após o encontro reservado entre Dirceu, Delúbio e Valdemar Costa Neto? O sr. sabia que o PT iria pagar R$ 10 milhões para selar a aliança com o PL?— Em entrevista à revista “Época”, no ano passado, o então presidente do PL, ex-deputado federal Valdemar Costa Neto (SP), narrou um encontro ocorrido na campanha de 2002 no apartamento do deputado Paulo Rocha (PT-PA), em Brasília, no dia 19 de junho, durante o qual o PT decidiu pagar cerca de R$ 10 milhões para o PL para gastos na campanha eleitoral daquele ano. Esses recursos selaram a aliança entre o PT e o PL na disputa pela Presidência. Segundo o deputado Valdemar Costa Neto, nos dias que antecederam essa reunião, houve vários encontros entre ele e José Dirceu. Mas o acordo demorava a sair. Então no dia 18 de junho de 2002, segundo Costa Neto, Dirceu telefonou para o sr. para ajudá-lo a chegar a um consenso. Dirceu teria dito “que o Lula viria no dia seguinte a Brasília resolver o assunto”. Nesse encontro do dia 19 na casa de Paulo Rocha, segundo o deputado, estavam reunidos o sr., então candidato à Presidência, seu candidato a vice, José Alencar, o futuro ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o tesoureiro da sua campanha, Delúbio Soares. A negociação sobre números teria ocorrido numa sala ao lado de onde estava o sr. Disse Costa Neto: “O Lula estava na sala ao lado. Ele sabia que estávamos negociando números”.O acordo foi fechado. Quando indagado pela revista sobre a reação de Lula, o deputado contou: “Quando saí, ele [Lula] me falou: “Então está liqüidado o assunto”. O Lula foi lá para autorizar a operação. E não vejo nada demais. O que ninguém esperava é que desse essa lambança”.
50. Como o sr. define ética? E corrupção?