Avatar do usuário logado
Usuário
OLÁ, Usuário
Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Prorrogamos a Black: VEJA por apenas 5,99
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Moraes e os viciosos no altar da virtude. Vale dizer: A hora dos hipócritas! Srs. jornalistas, denunciem seus vazadores de estimação no MPF e na PF

Ministro tem dez dias para dar explicações à Comissão de Ética Pública da Presidência. Notórios usuários do serviço de vazadores contumazes agora se fazem de normalistas-todas-puras...

Por Reinaldo Azevedo 28 set 2016, 06h38 • Atualizado em 30 jul 2020, 21h44
  • “A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude”, escreveu La Rochefoucauld no século 17. A frase, frequentemente atribuída a Oscar Wilde, é uma dessas sínteses atemporais. É o que me ocorre quando vejo setores da imprensa avançando como aves de rapina sobre o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. Por quê? Ora, ele teria “vazado” uma operação da Lava Jato numa conversa com militantes políticos em Ribeirão Preto. Indagado se o governo tinha interesse em brecar a operação, disse que não e afirmou que na semana seguinte haveria uma nova operação. Na segunda, a 35ª fase, que prendeu Antonio Palocci, estava na rua. Aí o mundo veio abaixo.

    Moraes vai ter de dar explicações à Comissão de Ética da Presidência da República, que não tem poder para punir ninguém. Pode ir do arquivamento à sugestão para que o presidente da República demita o ministro, passando por uma censura pública. Ele tem dez dias para se explicar. Leio até que o ministro pode ser acusado de crime por ter supostamente vazado informações sigilosas.

    Ai, ai…

    Vamos ver. Será que o ministro precisa ter controle prévio das ações da PF — e, por que não?, até das decisões de Sergio Moro — para “adivinhar” que haverá novas fases da Operação Lava Jato? Há quanto tempo ironizo aqui esse “fasismo” da força-tarefa? Será mesmo que é preciso recorrer, a cada semana, a algum nome de apelo literário para dar conta da importância e da grandeza da coisa? Tendo a achar que não. Em pouco mais de dois anos, se houvesse, sei lá,  cinco fases, já estaria de bom tamanho. Mas já são 35. E outras haverá.

    Ninguém “vaza” uma operação sigilosa daquele jeito, em público, a um grupo, à luz do dia, diante de jornalistas, para que todos ouçam. E agora, então, vamos a La Rochefoucauld. Jornalistas pedindo a cabeça de Moraes por causa de vazamentos? Ora, não me digam, meus queridos hipócritas!

    Continua após a publicidade

    Por que, então, vocês não entregam todas as suas fontes no Ministério Público e na Polícia Federal? Digam-me cá: 90%, para chutar baixo, das reportagens produzidas sobre a Lava Jato tiveram ou não tiveram como origem vazamentos ilegais de procuradores e policiais?

    É claro que minha pergunta é apenas retórica. Não cobro que jornalistas vazem coisa nenhuma! O sigilo da fonte é uma garantia constitucional. Apesar do comportamento deletério de alguns jornalistas e vazadores, ainda assim, acho que a garantia do sigilo é um mecanismo a mais que a sociedade tem para se proteger. O que é uma vergonha, aí sim, é que os entes públicos não investiguem o que, do seu ponto de vista, é uma ilegalidade. E, vamos ser claros, ninguém investiga coisa nenhuma.

    Onde está a hipocrisia? Ora, um grupo que faz de vazamentos à socapa o seu ganha-pão não pode avançar com essa fúria contra uma autoridade acusada de… vazamento, com a diferença de que o fez à luz do dia, sem esconder nada de ninguém. Qual é a tese, coleguinhas? Defenderemos apenas os vazamentos dos quais somos nós os beneficiários — ao menos no terreno profissional?

    Continua após a publicidade

    Ora, ora, a depender de quem assina determinadas reportagens, quem é do ramo já sabe qual foi a boca secreta que vazou a informação. E agora fica todo mundo posando de moralista em festim? Vamos devagar aí. Não! Eu não acho que o ministro fez bem em falar o que falou. As consequências, aliás, provam que não! Mas não me venham agora repórteres falar sobre a imoralidade de vazamentos — até porque, no caso, nem está caracterizado.

    Questão ética
    Há questões éticas as mais diversas aí. Venham cá: seria ou não do interesse do público saber que o procurador A ou o policial B não cumprem seu dever funcional e saem por aí passando adiante informações que deveriam manter em sigilo? Ao se denunciarem esses esquemas, estar-se-ia ou não atendendo ao interesse público, uma vez que se trata de uma falta funcional de um servidor? A pergunta é meramente retórica. Todo mundo sabe a resposta. E, no entanto, isso não vai acontecer porque se considera que a boa relação com essas franjas de ilegalidade são úteis à apuração da verdade e à transparência. É claro que a moralidade desse procedimento é manca. Mas com ela convive a nossa profissão.

    Ninguém precisa aplaudir Moraes pela fala daquele dia. Mas daí a sugerir que tenha de ser processado ou demitido porque “vazou” algo sigiloso, o que nem está evidenciado, o que se tem apenas é um monte de viciosos se ajoelhando no altar da virtude. O nome disso? Hipocrisia!

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    PRORROGAMOS BLACK FRIDAY

    Digital Completo

    A notícia em tempo real na palma da sua mão!
    Chega de esperar! Informação quente, direto da fonte, onde você estiver.
    De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
    PRORROGAMOS BLACK FRIDAY

    Revista em Casa + Digital Completo

    Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 7,50)
    De: R$ 55,90/mês
    A partir de R$ 29,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.