Pode me interromper se já tiver ouvido esta antes: “Este é o ano mais crítico para as relações diplomáticas entre israelenses e palestinos. Se não conseguirmos trazer de volta a diplomacia, será o fim da solução de dois Estados.” Escutei isso quase anualmente durante os últimos 20 anos, e nunca acreditei. Bem, desta vez, estou acreditando.
Estamos nos aproximando perigosamente do fechamento da janela de negociações, porque os dois principais opositores deste desfecho – o Hamas em Gaza e os colonos judeus na Cisjordânia – estiveram no controle. O Hamas está ocupado tornando inconcebível a solução de dois Estados, enquanto os colonos há muito trabalham para torná-la impossível.
Se o Hamas seguir obtendo e fazendo uso de foguetes de alcance cada vez maior, não há como imaginar que Israel possa tolerar o controle palestino independente na Cisjordânia, pois um foguete disparado de lá poderia fechar o aeroporto de Tel-Aviv. E se os colonos judeus derem prosseguimento ao seu “crescimento natural”, devorando a Cisjordânia, a solução também estará fora de questão. O que Israel precisa depois das eleições do dia 10 é um governo centrista de união que possa resistir à chantagem dos colonos e dos partidos de direita que os protegem, para manter aberta a possibilidade da aplicação da solução de dois Estados.
Na ausência de uma resolução, o que teremos é um Israel escondido atrás de uma muralha, defendendo-se de um Estado fracassado em Gaza administrado pelo Hamas, um Estado fracassado no sul do Líbano administrado pelo Hezbollah, e um Estado fracassado em Ramallah administrado pelo Fatah.