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Lula, “o chefe”, e Marisa, “a madame”: é o socialismo da República da Papuda

Antes ainda de chegar ao poder, o PT pôs em prática um plano para capturar o pantagruélico Estado brasileiro, subordinando suas instâncias ao partido e submetendo o grande empresariado, que negocia com esse Estado, às suas exigências. Com o tempo, tudo se transformou numa parceria, e o capital privado brasileiro passou a ter vassalo de um senhor

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 23h29 - Publicado em 22 fev 2016, 06h51

chefe-madame

Como é que Lula se tornou “chefe” dos maiores empreiteiros do Brasil? Quando foi que Marisa Letícia virou “madame”? Na sua impressionante e antes convincente capacidade de distorcer a realidade e de transformar tudo num rascunho da luta de classes, o próprio Lula diria que a minha pergunta embute preconceitos, já que eu estaria, reacionário que sou (claro!), descontente porque empresários prestam vassalagem a um ex-operário. Da mesma sorte, eu me acharia entre aqueles que não aceitam que uma senhora de origem humilde possa, afinal, ser chamada de “madame”.

Ocorre que essas falácias já não colam. “Chefe” é uma das designações a que recorrem as máfias para se referir a quem manda. Há muito tempo a palavra “madame” perdeu seu sotaque francês, não é mesmo? Quando não é empregada em tom pejorativo, para designar comportamento característico do mandonismo, indica coisa muito pior, que é a segunda acepção que aparece no dicionário Houaiss.

Por que isso tudo? Matéria de capa da VEJA desta semana traz a troca de mensagens de WhatsApp entre Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, e subordinados seus. Tratam da reforma do tríplex do Guarujá e do sítio Santa Bárbara, em Atibaia. Não é preciso ser muito sagaz para concluir que “o chefe” é Lula e que “madame” ou “dama” se referem à mulher do “capo”, Marisa Letícia.

No dia 13 de fevereiro de 2014, Paulo Gordilho, diretor da OAS, informa a Léo Pinheiro sobre o sítio: “O projeto da cozinha do chefe está pronto. Se marcar com a madame, pode ser a hora que quiser”. Ao que responde Léo Pinheiro: “Amanhã às 19h. Vou confirmar. Seria bom tb ver se o do Guarujá está pronto”.

Só isso? Não! Há um diálogo ainda mais eloquente. Uma mensagem de alguém não identificado parece indicar que, de fato, Fernando Bittar, oficialmente um dos donos do sítio (o outro é Jonas Suassuna), é mesmo um laranja de Lula. Diz a tal pessoa: “Dr. Léo, o Fernando Bittar aprovou junto à dama os projetos tanto do Guarujá como do sítio. Só a cozinha Kitchens completa pediram 149 mil, ainda sem negociação. Posso começar na semana que vem? É isto mesmo?”. Ao que Léo responde: “Ok”.

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Ainda que se quisesse dizer que a “dama” em questão seria a mulher de Bittar, restaria explicar por que esta teria de aprovar também o “projeto do Guarujá”…

A cada dia, portanto, a tentativa de Lula de se desvincular do sítio e do apartamento vai se tornando mais ridícula. Os advogados, claro!, estão empenhados agora em arrumar saídas jurídicas que possam livrar o “chefe” de complicações legais. Se não houver uma confissão ou uma delação e se não se provar, com documentos, que Lula é o verdadeiro dono do apartamento e do sítio, tudo tende a ficar por isso mesmo do ponto de vista, vamos dizer, penal. Mas a questão de fato está consolidada. A população já tem o seu devido registro, e não há mais nada que Lula e o PT possam fazer a respeito, a não ser aprofundar o ridículo. Os brasileiros já deram o seu veredicto com base em evidências as mais escandalosas.

O chefe
O diálogo dos empreiteiros é emblemático do que está em curso no Brasil e do modo como as coisas se deram nos últimos 14 anos.

Qualquer um que conheça um pouco os bastidores da política em Brasília e que tenha informações mínimas sobre o PT jamais duvidou de que, desde sempre, Lula é mesmo “o chefe”. Para qualquer assunto.

Antes ainda de chegar ao poder, o PT pôs em prática um plano para capturar o pantagruélico estado brasileiro, subordinando suas instâncias ao partido e submetendo o grande empresariado, que negocia com esse estado, às suas exigências. Com o tempo, tudo se transformou numa parceria, e o capital privado brasileiro passou a ser vassalo de um senhor.

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No seminário da Folha de que participei na sexta, em homenagem aos 95 anos do jornal, observei que o modelo que está em curso no país não é ruim por ser de direita ou de esquerda: é ruim porque é criminoso.

É uma estupidez achar que os petistas tomaram o poder para implementar o socialismo. Não! Eles tomaram o poder para sequestrar o capitalismo nativo e submetê-lo às suas taras hegemonistas. O PT nunca quis acabar com a economia de mercado. O que ele quer é cobrar o pedágio para se manter no comando do estado.

E um modelo assim só se constrói com um chefe. E todo chefe tem uma madame com algumas exigências…

Que coisa, não? O líder dos metalúrgicos de São Bernardo se tornou o “chefe” dos empreiteiros e de outros setores do empresariado que resolveram lhe prestar vassalagem por bilhões de excelentes motivos.

É o socialismo da República que só encontrará o seu lugar na história quando estiver reunida na Papuda.

Texto publicado originalmente à 0h09
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