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Lula manda carta ao Foro de São Paulo, que fundou junto com Fidel Castro e as Farc

Começa hoje, em Buenos Aires, o XVI Encontro do Foro de São Paulo, entidade fundada por Lula e Fidel Castro, para reunir as esquerdas da América Latina e Caribe. O “mui civilizado” José Eduardo Martins Cardozo, secretário-geral do PT, lerá à noite a carta que o presidente brasileiro envia à entidade, que tem, entre os […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 14h30 - Publicado em 18 ago 2010, 15h42

Começa hoje, em Buenos Aires, o XVI Encontro do Foro de São Paulo, entidade fundada por Lula e Fidel Castro, para reunir as esquerdas da América Latina e Caribe. O “mui civilizado” José Eduardo Martins Cardozo, secretário-geral do PT, lerá à noite a carta que o presidente brasileiro envia à entidade, que tem, entre os seus fundadores, as Farc — Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia —, um grupo militar dedicado exclusivamente ao narcotráfico. Segundo Lula, a “direita não se conforma com a democracia” no continente. Leiam o texto. Volto em seguida:

Queridas Companheiras e Companheiros,

Há 20 anos, 42 partidos e movimentos progressistas da América Latina e do Caribe reuniram-se em São Paulo – convidados pelo Partido dos Trabalhadores – para um Encontro sem precedentes na recente história política de nosso Continente.

Nascia o que um ano depois, no México, seria chamado de Foro de São Paulo.

Vivíamos tempos difíceis no início dos anos noventa.

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Em muitos países ainda persistiam fortes marcas das ditaduras que se haviam abatido nas décadas anteriores sobre nossos povos. Esses resquícios autoritários impediam a constituição de democracias vigorosas e dificultavam a luta dos trabalhadores.

Pairava sobre nosso Continente a hegemonia do ideário do Consenso de Washington.

Primazia do mercado, enfraquecimento do Estado, desregulamentação das relações de trabalho, sacrifício da noção de desenvolvimento e de políticas sociais em nome de uma suposta estabilidade, buscada a qualquer preço, com enormes sacrifícios para os trabalhadores do campo e das cidades.

A predominância dessas idéias conservadoras era reforçada pela profunda crise das referências tradicionais das esquerdas – as comunistas e os socialdemocratas. Suas políticas não permitiam explicar a realidade mundial mas, sobretudo,  mobilizar as grandes massas.

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A reunião de São Paulo e tantas outras que se seguiram nestes 20 anos tiveram como mérito fundamental criar um espaço democrático de conhecimento e de discussão das esquerdas. Esse espaço não existia, muitas vezes, nem mesmo em nossos países.

Não criamos uma nova Internacional.

Conhecíamos a história das internacionais e sabíamos que era mais importante termos um Foro no qual pudéssemos intercambiar experiências, discutir acordos, mas também desacordos.

As transformações pelas quais passaram a América Latina e o Caribe nestas duas décadas têm muito a ver com os debates que realizamos.

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Hoje, nossa região vive uma situação radicalmente diferente daquela de vinte anos atrás. Muitos dos que nos encontramos no passado nas reuniões do Foro de São Paulo como forças de oposição, hoje somos Governo e estamos desenvolvendo importantes mudanças em nossos países e na região como um todo.

Experiências como a UNASUL e a Comunidade da América Latina e do Caribe são herdeiras dos debates que levamos no Foro. Elas abrem o caminho para uma verdadeira integração de nossos países fundadas sobretudo nos valores da democracia, do progresso econômico e social e da solidariedade.

Uns poucos tentam caracterizar o Foro de São Paulo como uma organização autoritária. É o velho discurso de uma direita que foi apeada do poder pela vontade popular. Não se conformam com a democracia de que se dizem falsamente partidários.

A contribuição de meu partido e outros partidos progressistas do Brasil para esta nova realidade do Continente é de todos conhecida.

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Nosso Governo retomou o crescimento, depois de décadas de estagnação.

Crescemos distribuindo renda. Incluímos 30 milhões de brasileiros que viviam abaixo da linha da pobreza. Criamos 14 milhões e meio de empregos formais e aumentamos substancialmente o salário real dos trabalhadores e a renda dos trabalhadores do campo.  Mantivemos a inflação sob controle. Reduzimos nossa vulnerabilidade internacional. Não mais dependemos do Fundo Monetário Internacional. E pudemos fazer esta grande transformação com expansão da democracia, aumento da participação popular e fortalecimento de nossa soberania nacional.

O Brasil mudou e vai continuar mudando nos próximos anos.

Mudou junto com seus países irmãos do Continente.

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Mudou como está mudando a Argentina que agora acolhe mais este encontro do Foro de São Paulo.

Recebam, queridos amigos, o abraço do seu irmão e companheiro

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente da República Federativa do Brasil

Comento
Trata-se de uma carta escandalosa. A palavra “Internacional”, como substantivo, é uma referência às Internacionais comunistas, a reunião de organizações comunistas de todo o mundo, que orientava a ação dos partidários dessa ideologia.  De fato, não se tratava de uma nova “Internacional” porque o Foro veio justamente para tomar o lugar dela, uma vez que o comunismo soviético tinha morrido — para honra e glória da humanidade.

As Farc estão apenas “afastadas” do Foro, mas o grupo é membro-fundador da entidade. Hugo Chávez, Daniel Ortega e Evo Morales são alguns dos “democratas” abrigados no Foro. A eventual melhoria das condições de vida em alguns países não decorre das propostas originais das esquerdas, é claro — e o Brasil é a maior evidência disso.

A referência à Argentina, país-anfitrião do Foro, ilustra bem o “espírito democrático” do grupo. O casal Kirchner resolveu destruir a imprensa do país, contando com o auxílio de  tropas-de-choque que se comportam como hordas fascistas.

E pensar que, até outro dia, a imprensa brasileira quase não falava do Foro. Ele parecia uma entidade inventada, como diria Lula, “pela direita”.

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