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LULA: DO “POVO NA MERDA” AO “POVO DE MERDA”

httpv://www.youtube.com/watch?v=VlG_MZQy788 Xiii… Parece cálculo. Mas é descontrole mesmo, fruto de uma preocupação objetiva. Lembram-se daquelas gritaria que os petralhas fizeram quando fui ao programa de Jô Soares para falar de “Máximas de Um País Mínimo”? Ficaram mais bravos com o meu bom humor do que com as críticas que fiz ao demiurgo deles. Questionei então […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 16h15 - Publicado em 10 dez 2009, 18h41
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  • httpv://www.youtube.com/watch?v=VlG_MZQy788

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    Xiii… Parece cálculo. Mas é descontrole mesmo, fruto de uma preocupação objetiva.

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    Lembram-se daquelas gritaria que os petralhas fizeram quando fui ao programa de Jô Soares para falar de “Máximas de Um País Mínimo”? Ficaram mais bravos com o meu bom humor do que com as críticas que fiz ao demiurgo deles. Questionei então e questiono sempre: por que essa gente que se quer tão vitoriosa, tão especial, tão superior, é, ao mesmo tempo, tão furiosa? Encontrei a resposta: PORQUE O FASCISMO, A EXEMPLO DO COMUNISMO, NÃO TEM HUMOR.

    O título lá em cima não é elegante? Não é. Estou adequando o post à fala da personagem de que ele trata. Lula esteve em São Luis do Maranhão para um cerimônia de assinatura de contratos do programa “Minha Casa, Minha Vida”, aquele caça-votos que inventou há alguns meses. E resolveu fazer um discurso à altura do refinamento teórico de seu governo e das esquerdas que lhe dão sustentação. Vejam que graça:

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    “Eu não quero saber se o João Castelo (prefeito de São Luís) é do PSDB; não quero saber se o outro é do PFL; não quero saber se é do PT. Eu quero saber se o povo está na merda, e eu quero tirar o povo da merda em que ele se encontra. Esse é o dado concreto”.

    Em seguida, Lula referiu-se ao próprio discurso, fazendo o que os lingüistas chamariam de “metalinguagem”. Leiam:

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    “Lógico que eu falei um palavrão aqui. Amanhã, os comentaristas dos grandes jornais vão dizer que o Lula falou um palavrão. Mas eu tenho consciência de que eles falam mais palavrão do que eu todo dia e tenho consciência de como é que vive o povo pobre desse país, e é por isso queremos mudar a história desse país.”

    Pois é…

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    Os autoritários e totalitários têm a ambição de controlar até mesmo a crítica a que podem estar expostos. Notem que Lula fala em “grandes jornais”, com certo tom azedo. Ele dá os motivos para ser criticado e já se antecipa à crítica, como se, então, ela fosse nada mais do que um preconceito. Huuummm… Se topo o dedão no pé do sofá, da cadeira ou da cama, digo bem mais do que “merda”. Mas não sobre um palanque. Ademais, não tenho os deveres inerentes à representação democrática.

    O povo está “na merda”? O Maranhão de seu aliado Sarney — o estado brasileiro com o menor Índice de Desenvolvimento Humano do país, embora não sofra, por exemplo, com os problemas da seca — sabe bem o que é isso. Lula, hoje, se aliou à quase totalidade dos grandes promotores da “merda” em que vivem setores importantes da sociedade brasileira.

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    Cálculo
    Cálculo? Sim, há cálculo na fala de Lula, tanto é que ele já imagina a reação da imprensa. Mas ele está calculando o seu desabafo, a sua ira, a sua contrariedade. Com o quê? Acho que o resultado das pesquisas eleitorais o está deixando intranqüilo.

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    Não é preciso ser diplomado em interpretação de texto para entender que Lula está associando estas duas palavras: “POVO” e “MERDA”. A preposição que ele revela só revela a preposição que ele esconde. Está é cobrando o voto deste “povo na merda” — ou Passarã a considerá-lo um “povo de merda”.

    Será que essa beleza de discurso será exibido pelas televisões, ou sua fala, desta feita, será censurada pelo decoro? Chegamos ao ponto de ter um presidente tarja preta?

    Eis o Lula real, o Lula que é filho da tradição autoritária do sindicalismo e das esquerdas. Povo que vota com eles é “consciente”. O que não vota, bem, é mesmo um povo de merda.

    Ah, sim: notem que Lula recupera o tom furioso do antigo líder de oposição. Mais um pouco, ainda acaba acusando o governo de, como é mesmo?, “falta de vontade política”…

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