O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira a construção de “uma nova ordem mundial” mais ética, que enfatize a distribuição da riqueza e a proteção do emprego.
“Queremos uma globalização com ética, que coloque as pessoas no centro de nossas ações. As respostas devem ser socialmente justas e combater a pobreza”, afirmou Lula, no discurso de abertura da 4ª edição latino-americana do Fórum Econômico Mundial.
O líder brasileiro afirmou que está chegando “a hora da verdade”, em que todo o mundo “confesse” que se excedeu na “dose de economia virtual” que acabou gerando a crise.
“Não era honesto nem justo com os mais pobres que alguém ganhasse bilhões sem produzir um só sapato, apenas mudando papéis de mãos”, disse, em referências aos “especuladores” do mercado financeiro.
Nesse sentido, reivindicou mais controles aos movimentos de capital e à especulação financeira, o combate aos paraísos fiscais e apoio à reforma do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial, para criar “um sistema forte e transparente”.
“O primeiro passo foi dado com a redistribuição de cotas do FMI na reunião do G20 em Londres. Deve ser um organismo multilateral, com regras democráticas de participação dos países e que não se considere que ninguém é melhor do que ninguém porque dá um dólar a mais”, disse Lula.
O presidente lembrou sua etapa de sindicalista, na qual exigia o “fim do FMI na saída das fábricas”, e disse que agora impulsionou que o Brasil se transforme em credor líquido do organismo, para que seus recursos “sirvam para os países pobres e em desenvolvimento”.
Lula insistiu em que a saída para a crise tem que passar por “uma boa relação” entre o Estado, a sociedade e o mercado, e defendeu que nenhum país se feche no protecionismo, tendência que qualificou de “desastre para a humanidade e para o desenvolvimento econômico do mundo”.
“O protecionismo é uma droga que alivia imediatamente, mas lança suas vítimas a uma rápida depressão”, disse.
Na mesma linha, Lula convidou a retomar a Rodada do Desenvolvimento de Doha da OMC (Organização Mundial do Comércio) como medida para reativar os fluxos do comércio internacional.