Loucos por ti…
Estou rouco, com a garganta doendo. Era um dos 35 mil que lotavam ontem o Pacaembu, com a família inteira (até a minha mãe foi junto), no empate em dois a dois do Corinthians contra o Santo André, debaixo de frio e chuva — essas tramas do aquecimento global, vocês sabem… Não estou resfriado, não. […]
Estou rouco, com a garganta doendo. Era um dos 35 mil que lotavam ontem o Pacaembu, com a família inteira (até a minha mãe foi junto), no empate em dois a dois do Corinthians contra o Santo André, debaixo de frio e chuva — essas tramas do aquecimento global, vocês sabem… Não estou resfriado, não. A garganta está em estado lastimável porque, bem…, porque gritei muito. “Empatamos de virada”, se é que me entendem, bem no finzinho. Não há nada melhor para se fazer em grupo do que sentir o estádio vibrar:
Aqui tem um bando de loucos!
Loucos por ti, Corinthians!
Aqueles que acham que é pouco!
Eu vivo por ti, Corinthians!
Eu canto até ficar rouco!
Eu canto pra te empurrar!
Vamos, vamos, meu Timão!
Vamos, meu Timão!
Não pára de lutar!
Ok. Talvez haja gramática aí a ser reparada — como explicar aquele terceiro verso? Não que não pudesse render um pequeno ensaio sobre a expressão das identidades: reconhecemos a existência do “outro”, que desdenha de nós, que ri de nossa paixão, mas seguimos cantando, até o limite em que se pode cantar.
A Reinaldinha mais jovem, jogadora de futebol, entrou no campo, uniformizada, junto com aquele grupo de crianças que acompanham os atletas. Emocionada, às lágrimas, antes de desaparecer nos corredores que conduzem ao campo, ainda teve tempo de se voltar pra mim e perguntar: “Pai, meu cabelo tá bom?”