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Kennedy, a intervenção durante o golpe de 1964 e a língua do “Bardo”

Este blog tem milhares de leitores, como vocês sabem, e conta com alguns conselheiros informais, leitores que, volta e meia, colaboram para que as coisas se mantenham nos eixos. Um deles se identifica como “Admirador do Bardo”. Não gosta de aparecer. Envia comentários sugerindo coisas, mas pede que não sejam publicados. Já colaborou com algumas […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 04h40 - Publicado em 13 jan 2014, 06h41
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  • O presidente Kennedy com o embaixador Lincoln Gordon: o que foi que disseram?

    O presidente Kennedy com o embaixador Lincoln Gordon: o que foi que disseram?

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    Este blog tem milhares de leitores, como vocês sabem, e conta com alguns conselheiros informais, leitores que, volta e meia, colaboram para que as coisas se mantenham nos eixos. Um deles se identifica como “Admirador do Bardo”. Não gosta de aparecer. Envia comentários sugerindo coisas, mas pede que não sejam publicados. Já colaborou com algumas correções. Quem é “o Bardo” do seu apelido? Segundo ele diz, é Shakespeare.

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    Pois é… Desta feita, ele enviou um texto para ser publicado. Verifiquei, com o auxílio de um amigo, se a correção que ele faz — não de texto meu — procede. E cheguei à conclusão de que ele tem razão.

    “O Admirador do Bardo” aponta erros importantes na transcrição de um trecho da conversa entre o John Kennedy, ex-presidente dos EUA, e Lincoln Gordon, seu então embaixador no Brasil, em 1964, conforme está publicado no site do jornalista Elio Gaspari. Lá se encontra a seguinte transcrição:
    Kennedy [interrompendo]: “What about the… Do you see a situation coming where we might be, find desirable to intervene militarily ourselves?”

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    Com a seguinte tradução:
    “E os… Você vê a situação indo para onde deveria, acha aconselhável que façamos uma intervenção militar?”

    O professor ouviu o áudio e constatou que, no essencial, a frase correta de Kennedy em inglês é:
    “Do you see a situation coming where we might be finding desirable to intervene militarily ourselves?”
    Tradução:
    “Você vê uma situação iminente em que nós poderíamos considerar conveniente intervir militarmente?”

     Aí o “Admirador do Bardo” escreve (em azul, conforme chegou):
    Pior foi colocar na boca do presidente americano uma frase ilógica, por mais coloquial que seja — e, mais, com atentados à língua inglesa. “A situação indo para onde deveria…”??? Heavens! Kennedy fala em “uma situação” e não “a situação”. O sujeito de “find” é “nós”, e não “a situação”.

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    Kennedy não pergunta a Gordon se ele (Gordon) acha aconselhável fazer uma intervenção militar. Kennedy conjectura sobre a hipótese de os Estados Unidos (“we”) virem a considerar ser conveniente intervir. É outra coisa. Aliás, a frase foi tirada de uma conversa de mais de uma hora entre JFK e LG. Só naqueles poucos segundos há referência a uma intervenção militar por parte dos americanos. O presidente e seu embaixador discutem longamente os cenários políticos prováveis no Brasil, falam da personalidade e da força de arregimentação dos mais eminentes políticos brasileiros, mas não discutem nenhum plano de invasão do país.

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    Enfim, Tio Rei, os caras ouviram o galo cantar, mas não souberam onde e nem em que idioma. Uma lambança só: essa falta de rigor, de precisão e objetividade fazem muito mal ao jornalismo, viu? Obviamente, ninguém duvida que os americanos estivessem felizes com a queda do Jango (não tanto quanto os próprios brasileiros, mas estavam…) ou que tivessem um plano para ajudar os militares brasileiros caso o Brasil afundasse em guerra civil entre comunistas e defensores da democracia. Era o ápice da Guerra Fria. Os EUA e a URSS tinham planos para invadir qualquer país.

    Bem, Tio Rei, despeço-me com um abraço e a admiração de sempre. Antes de ir-me, mais uma observação: não é instrutivo constatar a superioridade moral da democracia americana — que preservou as provas materiais de seu envolvimento com a crise havida no Brasil — no cotejo com a tirania soviética, que, em 1964, se meteu no Brasil tanto quanto os americanos (ou mais), mas destruiu as evidências?

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    Shakespeare, o "bardo" admirado pelo leitor

    Shakespeare, o “bardo” admirado pelo leitor

    Texto publicado originalmente às 2h11
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