Juiz da Lava Jato-RJ acusa ameaças; erra junto com desembargador
Marcelo Bretas pede reforço de segurança; presidente do TRF2 faz uma declaração alarmista e não fornece maiores detalhes; está tudo errado
Ai, ai, ai… Assim não pode ser!
Marcelo Bretas, juiz titular da 7ª Vara Criminal Federal no Rio de Janeiro, pediu reforço em sua segurança pessoal. Ele concentra os processos ligados à Lava Jato que dizem respeito ao Rio. E também as operações dela derivadas: Calicute e Eficiência.
É evidente que, tendo havido ameaças ou algo parecido, o reforço tem de ser pedido. Heterodoxo, convenhamos, foi o comportamento do próprio juiz e de André Fontes, novo presidente do TRF (Tribunal Regional Federal) da 2ª Região. Ambos receberam jornalistas
Disse Fontes: “A situação do juiz Bretas deve ser um dos maiores desafios que o tribunal enfrenta hoje. Essa preocupação que paira sobre o juiz é também a nossa. Vim nesse ato simbólico deixar clara a minha solidariedade e preocupação diante dos desafios e ameaças à figura do juiz”.
Quais ameaças?
Quais desafios?
Do que ambos estão falando?
Bretas limitou-se a dizer o seguinte: “Não há nenhuma preocupação que não seja contornável com esse apoio. O que importa é saber que temos todas as condições de tocar o processo”. Alarmismo e tranquilidade numa mesma entrevista.
Se o juiz está sendo ameaçado, que se informe a sociedade. Se esta não pode ser informada para não prejudicar eventuais investigações, então o aviso não faz sentido.
Vamos convir: acredito que Sergio Moro reúna ainda mais motivos do que Bretas para gerar desafetos. Pela lógica, recebeu ainda mais ameaças. E, no entanto, não se viu nada assim.
Se o juiz está sendo ameaçado, temos de lamentar, de nos preocupar e de cobrar providências. Mas a atuação do juiz e do presidente do TRF da 2ª Região foi completamente descabida.