Heróis de fato e heróis de ficção
O HERÓI – Ulysses, no dia 13 de maio de 1978, na Bahia, enfrenta soldados da PM baiana e os cães. Ao passar, dizia: “Respeitem o líder da oposição!” E os soldados recuaram. Ulysses — ele sim — foi o herói da democracia brasileira Reproduzo abaixo o comentário de um leitor, daqueles virulentos. Alguns dirão […]
Os comunas pelo menos lutaram contra a ditadura. E os tais democratas, onde estavam? A esquerda foi o boi de piranha da redemocratização do país. Me aponte alguém de direita que lutou pela redemocratização. O pefelê se aboletou no bonde da história, cacifou o Sarney e taí até agora.
Não! Mentira! Aponte-me um texto do que você chama “comunas” que pediam a democracia. Eis uma das grandes falácias que acabaram triunfando. A outra, conexa a esta, é que só se fez a opção pela luta armada e pelo terrorismo como reação possível ao AI-5. Há documentos que provam que essa escolha foi anterior — algumas precediam o próprio golpe militar de 1964. A esquerda que fez a luta armada concorreu foi para recrudescer o regime. Contribuíram de forma significativa para a democratização do país não-esquerdistas (na Europa ou nos EUA, seriam considerados conservadores) como Ulysses Guimarães, Paulo Brossard e Alencar Furtado, entre outros. Vá estudar história para saber a importância que gente como Petrônio Portella, por exemplo, oriundo do regime militar, sim, teve na transição para a democracia.
José Dirceu e Dilma Rousseff foram heróis da democracia? Não! Quando muito, foram heróis da causa comunista. Herói da democracia foi Ulysses, que enfrentou os cães, na Bahia, no dia 13 de maio de 1978 e pronunciou um discurso histórico que terminava assim: “Baioneta não é voto, e cachorro não é urna!”
Segue um trecho do discurso: “Nós não temos armas. Sou Presidente Nacional do MDB e já percorri este país oito vezes, de cidade em cidade, cercado pelas multidões. Não porto arma nenhuma (batendo no bolso e abrindo o paletó). Não tenho, meus amigos, protetores e guardas (gritos: “tem o povo”, “tem o povo”). Eu não me assusto mais, meus amigos, tive em Pernambuco os cachorros e os cavalos do governador Moura Cavalcanti: luz apagada, pedras na praça quando realizávamos as nossas concentrações. Mas, meus amigos, o MDB é como a clara: quanto mais bate, mais cresce. Os cães ladram mas a caravana passa.” Vá estudar, traste petralha.
Não fosse pelos 424 mortos, você não estaria escrevendo o que escreve.
Deixe de ser idiota. Não fosse por gente como Ulysses, eu não poderia escrever o que escrevo. Se o modelo que muitos dos 424 mortos queriam tivesse triunfado — por exemplo, a ditadura comunista do PC do B ou do MR-8 —, alguns milhões de brasileiros teriam ido para o paredão.
A esquerda que você combate está no poder e é democrática. Ou não?
Está no poder. Chegou lá por meio da democracia, sim. Não é essencialmente democrática, mas não tem alternativa. Por isto, recorre a meios escusos como mensalões e dossiês: para fraudar a democracia.
O Lula deu golpe de estado para se eleger duas vezes? O PT chegou onde está pela via democrática. Ou não?Alguma vez afirmei que ele deu golpe de estado? Deixe de ser tonto.Agora pergunta pro Ronaldo Caiado et caterva se eles gostam de democracia.Que eu saiba, Caiado é uma das lideranças que surgiram com a redemocratização do país.Você, assim como outros golpistas ressentidos, não têm argumentos, só sabem desqualificar. Por que você não escreveu contra a ditadura? Onde estão seus escritos esculachando os generais da mesma forma que você faz com o Lula?Eu? Golpista? Ah, lá vou eu. Em 1964, já disse, eu tinha 3 aninhos. Estava lendo Joyce, entendeu? Só fui ler Fernão Capelo Gaivota depois dos 25… Comecei a lutar contra a ditadura em 1975, aos 14. Sei, demorei um pouco, mas lutei… Com 16, fui “fichado”. Heróico, não? Não! Herói da democracia foi Ulysses Guimarães.O FM e a Dilma pelo menos tiveram coragem e foram por pau. E você, teria a mesma coragem em circustâncias semelhantes?Não. Porque eu sou contra matar pessoas em ações terroristas.