FHC e Lula: é preciso comparar, sim
O Instituto Teotônio Vilela, ligado ao PSDB, vai fazer uma cartilha comparando o governo Lula ao governo FHC, informa a edição on line do Estadão. Será um livreto de 50 páginas. Informa-se ainda que a decisão contraria a vontade do tucano Geraldo Alckmin, candidato à Presidência, e que há divergências no partido a respeito. Se […]
O Instituto Teotônio Vilela, ligado ao PSDB, vai fazer uma cartilha comparando o governo Lula ao governo FHC, informa a edição on line do Estadão. Será um livreto de 50 páginas. Informa-se ainda que a decisão contraria a vontade do tucano Geraldo Alckmin, candidato à Presidência, e que há divergências no partido a respeito. Se eu fosse do PSDB, o que não sou (não sou de centro-esquerda), já teria feito isso há mais tempo. Se Alckmin ficou mesmo chateado, está errado. A força eleitoral de Lula, aquela que faz a diferença, deriva da instrumentalização da miséria associada a uma equação econômica que lhe é favorável (leia A Parte e O Todo, abaixo). A tal comparação faz parte da guerra política. Há números favoráveis a Lula, é verdade, desde que cassadas as circunstâncias. E eleitor está lá interessado em contexto? Bem, que se parta, então, para o texto. Em três anos, o governo Lula acumula mais casos comprovados de ilegalidades do que os oito de seu antecessor; no campo, seu governo empilha cadáveres com uma espantosa celeridade; os números reais da violência nas grandes cidades — e é, sim, um problema federal — é espantoso. A verba gasta em publicidade, em contraste com o arrocho na área social, merece um estudo de caso. Uma dica: escarafunchem os números do Ministério da Saúde, incluindo as verbas executadas, e se terá um bom exemplo de como Lula governa. As comparações podem até ser mais complexas: quantas foram as greves gerais que a CUT tentou deflagrar no governo tucano e qual foi seu comportamento nos anos Lula? Alckmin diga o que quiser: com a “estratégia” seguida até agora, ele, que tinha até 23 pontos na largada, já está com 18… Deve melhorar quando começar o horário eleitoral. Mas dois meses dificilmente reverterão 10 de contínua desvantagem. É óbvio que falta agressividade à campanha. O senador Mercadante, por exemplo, em São Paulo, gosta de criticar a política de segurança. Leia-se a revista Veja desta semana para saber onde e quando o PCC chegou mais perto do poder. Também rende uma boa “comparação”. Ademais, evitando o confronto de dados, o PSDB está perdendo feio. Não custa tentar o contrário. Quando menos, a verdade agradece.