Factóide, estatismo e pudor
Assistimos ontem, com o anúncio da superjazida de Tupi, ao maior factóide da história da imprensa brasileira — e a um dos maiores do mundo. Não porque inexista petróleo lá na tal camada pré-sal, mas porque o que se anunciou ontem é rigorosamente o que já se sabia há pelo menos dois anos. Gente especializada […]
Leio os jornais hoje. Nem uma miserável palavra a respeito. Todo mundo foi diligentemente pautado pelo governo, reproduzindo o seu ponto de vista. Há coisas verdadeiramente notáveis. Guilherme Estrella, diretor da Petrobras, afirmou que a divulgação da reserva — 5 bilhões de barris, 8 bilhões de barris ou, quem sabe?, 20 bilhões de barris — buscou “evitar especulação”. Nem diga. As ações da Petrobras subiram mais de 14%. Especulação a gente combate é assim…
O que o governo conseguiu ontem, de fato, foi aumentar a sua mão grande no setor de petróleo, atendendo às demandas daqueles que pretendem, na prática, a plena reestatização do setor. A notícia velha da superjazida serviu de pretexto para o anúncio de que os 41 blocos de exploração vizinhos à grande reserva estavam excluídos da 9ª Rodada de Licitações. Dilma Rousseff, enfática, falava na defesa dos “interesses nacionais”. O capital privado como adversário dos interesses nacionais… De novo! Caracas!
Há quem queira que ninguém consegue governar com excesso de pudor. Eis um mal de que o PT, definitivamente, não padece.