Em vídeo, assassino volta a falar com uns tais “irmãos”… Loucura? Contato com extremistas?
O Jornal Nacional apresentou o vídeo que o assassino da escola do Rio gravou, provavelmente, dois dias antes do ataque. Se você viu a reportagem, vá para o fim do texto. Se não, assista ou leia a transcrição. Comento depois. O Jornal Nacional teve acesso a dois vídeos gravados pelo assassino de Realengo supostamente dois […]
O Jornal Nacional apresentou o vídeo que o assassino da escola do Rio gravou, provavelmente, dois dias antes do ataque. Se você viu a reportagem, vá para o fim do texto. Se não, assista ou leia a transcrição. Comento depois.
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O Jornal Nacional teve acesso a dois vídeos gravados pelo assassino de Realengo supostamente dois dias antes de cometer o massacre. Wellington Menezes de Oliveira fala de maneira confusa sobre os motivos que o teriam levado a matar os estudantes. A reportagem exclusiva é de Paulo Renato Soares e Tyndaro Menezes.
A mensagem deixada pelo assassino Wellington Menezes de Oliveira foi grava em dois arquivos de vídeo. Ele está sem barba, na frente do que parece ser um muro. Nas imagens, ele tem a mesma fisionomia e está no mesmo local de uma foto usada em um perfil atribuído a Wellington no site de relacionamentos Orkut.
O vídeo aparenta ter sido gravado por ele próprio. Wellington fala de maneira confusa sobre os supostos motivos do crime e culpa pessoas que chama de “covardes” pelo ato de covardia que ele mesmo cometeu. “A luta pela qual muitos irmãos no passado morreram e eu morrerei não é exclusivamente pelo que é conhecido como bullying. A nossa luta é contra pessoas cruéis, covardes, que se aproveitam da bondade, da inocência, da fraqueza de pessoas incapazes de se defenderem”, diz em um trecho.
Na segunda parte do vídeo, o assassino dá detalhes do longo planejamento da ação e diz que tirou a barba de forma premeditada. “Os irmãos observaram que eu raspei a barba. Foi necessário, porque eu já estava planejando ir no local para estudar, ver uma forma de infiltração. Eu já tinha ido antes, há muitos meses atrás, eu fui, eu ainda não usava barba. Eu fui para dar uma analisada”.
O atirador também diz que esteve na escola dois dias antes do massacre. Não fica nenhuma dúvida de que ele arquitetou o plano friamente. “Hoje, é segunda… terça-feira, aliás. Eu fui ontem, segunda. Hoje é terça-feira, dia 5. E essa foi uma tática para não despertar atenção. Apesar de eu ser sozinho, não ter uma família praticamente, eu vivo sozinho, não tenho pessoas a dar satisfação. Mas como eu precisava ir no local e interagir com pessoas, para não chamar atenção eu decidi raspar a barba”.
O Instituto Médico Legal divulgou, nesta terça-feira, o laudo cadavérico de Wellington Menezes de Oliveira. Segundo o documento, o assassino sofreu lesões no crânio provocadas por um tiro na têmpora direita, o que comprova que ele se suicidou.
Comento
Que Wellington tivesse uma mente perturbada, disso ninguém duvida. Que se descarte, como alguns vêm fazendo, seu eventual contato com extremistas, aí, lamento pelos crédulos, não dá. As cartas encontradas em sua casa e esses vídeos reforçam, quando menos, a necessidade de uma investigação rigorosa. Nos escritos, fala sobre encontros com dois supostos radicais islâmicos. No vídeo, refere-se aos “muitos irmãos que morreram no passado”.
Estaria ele falando com a multidão que costuma habitar a cabeça dos doidos? Pode ser. Que ele fosse presa fácil de alguém em busca de um suicida, não resta dúvida. Ocorre que ele tinha a sua própria loucura, não-compartilhável. Mais: um sobrinho seu diz que ele tinha uma espécie de “conselheiro”. Quem era?
Segundo informou o Estadão nesta terça, a polícia não está disposta a ampliar a investigação além das fronteiras da loucura pessoal. No máximo, os que lhe venderam as armas vão arcar com as conseqüências. Se for mesmo assim, então José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, não está cumprindo a promessa que fez ontem: ele afirmou que a PF daria apoio pra que se investigassem todas as hipóteses.