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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

DROGAS – Eu bem que dei aula de “Massinha I” de lógica…

 Eu bem que tentei dar aula de “Massinha I” de lógica para autoridades e pensadores, não é? Mas sabem como isso é difícil. Quando Tio Rei escreve a respeito, alguns indagam: “É médico? É estudioso da área?” Não! Sou apenas lógico. Leiam o que vai abaixo. Volto depois: Drogas devem continuar sendo ilegais, defende agência […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 5 jun 2024, 21h56 - Publicado em 24 jun 2009, 22h05

 Eu bem que tentei dar aula de “Massinha I” de lógica para autoridades e pensadores, não é? Mas sabem como isso é difícil. Quando Tio Rei escreve a respeito, alguns indagam: “É médico? É estudioso da área?” Não! Sou apenas lógico. Leiam o que vai abaixo. Volto depois:

Drogas devem continuar sendo ilegais, defende agência da ONU
A restrição do aumento do uso de substâncias tóxicas que causam dependência está na manutenção da ilegalidade desses produtos, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira pela UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime), ligada à ONU (Organização das Nações Unidas).

“O álcool e o tabaco causam mais mortes justamente porque são legais”, afirmou o novo representante do UNODC no Brasil, Bo Mathiasen, durante o lançamento do relatório Relatório Mundial sobre Drogas 2009, no Palácio do Planalto.
O documento original foi lançado em Washington (EUA) e tem 314 páginas. Ele foi elaborado devido ao Dia Internacional contra o Tráfico e o Abuso de Drogas, lembrado na próxima sexta-feira (26).

O documento reúne dados estatísticos, enviados pelos governos dos países da ONU, e análises de tendência sobre a situação do mercado das drogas ilegais em todo o mundo, inclusive produção, tráfico e consumo.
A recomendação ocorre em um momento em que vários setores da sociedade civil defendem a legalização de drogas tidas como leves, como a maconha. De acordo com Roberto Filho, diretor de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, a visão dos órgãos de repressão, em especial da PF, “é absolutamente alinhada” com a medida defendida pela UNODC.

“A experiência tem demonstrado e nos habilita a dizer que uma eventual liberação, mesmo de drogas consideradas leves, como a maconha, estimularia o consumo. E, como seria submetida a controles sanitários e impostos, não eliminaria a produção ilícita por organizações criminosas”, afirma Filho.

Outras medidas citadas por Mathiensen envolvem agir proativamente, elaborar estratégias específicas para cada fluxo de drogas e fortalecer o trabalho internacional para prevenir o uso de drogas e combate ao tráfico.
Segundo o secretário nacional de Políticas sobre Drogas, Paulo Roberto Uchôa, o Brasil “tem um rumo [no combate às drogas], principalmente porque tem dois instrumentos; a lei e uma política nacional unificada”. Uchoa ressaltou a importância de uma integração multissetorial, reduzindo a oferta e a demanda e unindo políticas de educação, de trabalho, de saúde e de cultura, entre outros.

A divulgação do relatório, “chama atenção para um problema que não é só do Brasil, é de todo o mundo e de todos nós”, afirma Uchôa.
O secretário relativiza a importância do Brasil em relação às drogas na esfera mundial. Segundo ele, se por um lado o país é território de trânsito, por outro, sua produção é pequena e o que é produzido tem má qualidade a ponto de não atender os requisitos do mercado ilegal para exportação, ficando restrita ao consumo interno.

Comento
Quando o incrível ministro Carlos Minc resolveu trocar o verde que lhe cabe pelo verde que não lhe cabe — não legalmente ao menos — e participou da marcha da maconha, usando como pretexto o fato de que álcool e tabaco são legais, este não-especialista, mas que não abandona a lógica nem torturado pelo Bolero de Ravel, escreveu o texto MINC: A FALÊNCIA DA LÓGICA. Respondia (em azul) às suas bobagens (em vermelho):

“Se legalizasse a maconha, se fosse como álcool e cigarro, que fazem mal, a situação seria diferente. Se o cigarro fosse proibido, ao invés de ir ao armazém, você teria que subir o morro para comprar. Não quero dizer que minha tese é melhor ou pior do que a de ninguém, mas estamos em uma democracia”, afirmou.
Analisemos a fala na esfera do puro conceito e depois de sua aplicação. Se a maconha for tratada, então, como cigarro e álcool, Minc tem de admitir que, junto, virá uma explosão de consumo — já que a legalidade das duas outras substâncias facilita o acesso dos consumidores. É matéria de lógica elementar.

Foi a primeira vez que tentei? Ah, não. Já o havia feito no texto UMA DROGA DE DEBATE, onde se lia:

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“Seguindo a lei da oferta e da procura (…), o preço das drogas, com efeito, despencaria. E o resultado seria a massificação do consumo. Evidência empírica: o alastramento do baratíssimo crack entre os miseráveis. E isso com, vá lá, alguma repressão. Imaginem sem nenhuma.”

Quando o relatório desta mesma entidade foi divulgado há exatos dois anos, com dados que apontavam aumento do consumo no Brasil, este incansável militante da lógica escreveu:

(…) Ao mesmo tempo em que o Brasil fecha o cerco às chamadas drogas legais e socialmente aceitas — cigarro e álcool —, aumenta sobremaneira a tolerância com as chamadas drogas ilícitas. Olhem bem: a subcultura da droga já chegou aos meios de comunicação e à academia e é permanentemente glamourizada. O Brasil inventou a teoria de que reprimir é inútil.

Mais: de tal sorte a lógica da tolerância entranhou-se nos meios formadores de opinião, que se vêem como coisas antitéticas, por exemplo, a repressão e a política de redução de danos. Tenho lido muito sobre o que se faz em alguns países. A redução de danos é voltada para quem ou quer deixar de ser viciado ou reconhece que, escravo do vício, precisa pôr-se sob controle, para não sucumbir. São políticas restritas, exercidas em grupos fechados, sob rígido controle, com os pacientes devidamente cadastrados. Num país rico como a Holanda, por exemplo, a droga jamais será um fator economicamente relevante: o tráfico não é um setor empregador, entendem? No Brasil, é.

Incúria do Estado com laxismo nos costumes dão nisso aí. A cada vez que o funk — lá vêm os protestos — aparecer glamourizado na televisão, como se tivesse algumas verdades eternas a nos dizer, o que se está fazendo é valorizar o universo subjetivo da droga, de que o tráfico é a manifestação objetiva.

O Brasil é realmente um país do balacobaco: aprendemos a destrinchar e a combater todas as mensagens subliminares que associavam o cigarro a uma vida interessante. Fizemos bem em assim proceder. Em seu lugar, botamos a cocaína, o ecstasy, a maconha…

Uma aposta: como reação ao relatório, aparecerão os gênios da causa para defender a descriminação das drogas, declarando a inutilidade da repressão. É aguardar para ver.

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Volto a 2009
Essa gente aborrecida, vocês vão ver, fará agora o que fez há dois anos: pedir a descriminação das drogas.

O ódio à lógica é uma droga pesada.

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