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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Dólares na cara de Cunha — O jogo do PT com o deputado: os comandantes puxam o saco; os comandados o desmoralizam

Militante do MST jogam cédulas no rosto do parlamentar; petistas transformam presidente da Câmara em demônio, mas vão homenagear Vaccari

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 00h10 - Publicado em 4 nov 2015, 22h25

É, meus caros, não anda fácil entender os meandros da política brasileira. Quando algo é muito difícil de compreender ou de operar, costuma-se dizer: “Tal coisa não é para amadores”. Muito bem! Eu diria que o atual quadro nacional não é nem para amadores nem para profissionais — só é insalubre. Apesar disso, confesso, nada me surpreende. Vejo o PT operando com o caráter de sempre.

Vamos ver. Nesta quarta, José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, obedecendo a uma orientação de Lula, fez um aceno a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Casa. Disse que ele é inocente até que se prove o contrário, que ainda não foi julgado etc. Ou por outra: o PT institucional acena para Cunha porque sabe que, hoje, depende principalmente dele dar sequência ou não à denúncia contra Dilma Rousseff por crime de responsabilidade. Crime, diga-se, que o governo admitiu nesta quinta, deixando claro, adicionalmente, que pedalou também em 2015.

Bem, então a ordem no PT é deixar Cunha em paz, certo? Ora, é claro que não! Fora do ambiente institucional, a orientação é desmoralizar o deputado até onde for possível, e isso inclui acusá-lo até de coisas que não cometeu.

Nesta quarta, quando ele dava uma entrevista, um rapaz do Levante Popular da Juventude — que é só mais um nome-fantasia e besta do MST — jogou nele um maço de cédulas falsas de dólar. O nome do gajo é Tiago Ferreira. Ao fazê-lo, gritou: “Trouxeram sua encomenda da Suíça”.

O MST, chefiado por João Pedro Stedile, a exemplo do MTST, comandado por Guilherme Boulos, tem lá a sua autonomia, mas obedece ao comando do petismo. Se o PT do Parlamento acena para o deputado, o das franjas, dos ditos movimentos sociais, faz dele o Belzebu. E, como resta evidente, caso se vá medir o noticiário, fica parecendo ser ele o chefe do petrolão.

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Na sexta-feira, feminázis promoveram uma passeata em São Paulo, com forte presença petista, contra o PL 5609, de autoria de Cunha, acusando o texto de criar dificuldades para a realização de aborto nas hipóteses em que está excluído o crime: estupro e risco de morte da mãe. E isso é apenas uma mentira. No dia 2 de novembro, o mesmo MST, por intermédio do tal Levante, promoveu um protesto em frente à casa do deputado, deixando um rastro de pichações.

É evidente que o MST pode protestar contra quem quiser. Mas é asqueroso, no entanto, que o movimento se apresente como vanguarda do que chama “resistência ao golpe” — que é como classifica a hipótese de Dilma Rousseff ser impichada. Stedile já foi oferecer o seu apoio em palácio. Mais do que isso: Lula ameaçou botar em marcha o “exército do MST” em defesa do mandato da presidente.

Cunha disse que não se deixaria intimidar por aquilo que chamou de “militância paga”. Bem, paga é mesmo, não? E com dinheiro oficial, que é a fonte de recursos do MST.

Notem: a pegada deste texto não é informar que um sujeito jogou um maço de notas na cara de Cunha. Isso, vocês já sabem: chamo atenção para o caráter de sempre do petismo, com a sua política ambígua: no Parlamento, pisca para Cunha para ver se ele recusa a denúncia contra Dilma e para que seus aliados em CPIs e outras comissões blindem Lula e sua família; nas ruas, os petistas transformam o deputado no seu inimigo número um.

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De resto, o agitprop petista, que é a turminha encarregada de mobilizar as bases da reação do partido, percebeu que, tendo Cunha como vilão, as safadezas do petrolão petista perdem importância no noticiário.

Ah, sim, para encerrar: enquanto a petezada joga dólares na cara de Cunha, a direção do partido está pensando em fazer um desagravo a João Vaccari Neto, o tesoureiro que operou para o partido junto aos bandidos que estavam na Petrobras.

Eles não têm cura.

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