Dilma 2 – Ministra contesta este blog: “O PAC não é um PACtóide”
Opa! A ministra Dilma Rousseff responde a este humilde bloguinho e, em entrevista ao Estadão, diz que o PAC não é “um PACtóide”. Como vocês sabem, “pactóide” é o termo que criei para me referir ao tal programa, numa alusão óbvia a “factóide”, neologismo celebrizado pelo atual prefeito do Rio, Cesar Maia, para designar um […]
Respondendo à crítica feita pelo governador José Serra (manchete do Estadão), segundo quem o PAC confunde premissa com resultado, a ministra afirmou que “ficar discutindo isso é extremamente acadêmico”. Huuummm. Acho que é a primeira vez que vejo um ministro de Estado tratar uma matéria de lógica como algo “extremamente acadêmico”, emprestando à expressão um certo esgar de desdém, como se o empirismo fosse algo, sei lá, moralmente superior. Desde que a teoria não esteja errada, se algo falha num modelo teórico, tende a dar certo na prática?
Dilma desconversou sobre se é ou não uma pré-candidata à Presidência em 2010. E afirmou: “Não há um Rasputin atrás do presidente”. Sorte de Lula! Se vocês forem pesquisar, verão que Rasputin não era um tipo de confiança para ficar na retaguarda…
Seguem trechos da entrevista e link:
Por Beatriz Abreu, Vera Rosa e Ribamar Oliveira:Os governadores têm feito muitas críticas ao PAC. Serra disse que o governo erra ao considerar o crescimento acima de 4% como premissa, e não como resultado. Como a senhora vê essa crítica?É extremamente acadêmico ficar discutindo o que é resultado e o que é premissa. Para mim também é premissa a trajetória da relação dívida-PIB. É premissa uma taxa de juros em trajetória decrescente. É premissa para mim uma inflação sob controle. Mas é resultado também. O governador Serra tem direito de fazer os comentários, até porque é um dos mais brilhantes economistas do País. E nós temos o direito de discordar. Não se trata aqui de um modelo. Trata-se de um projeto vivo, feito para um país concreto. O PAC não é um pactóide, não é um raio num céu azul. É um programa que tem boa receptividade por parte dos empresários, dos investidores que serão os nossos parceiros nesse esforço para acelerar o crescimento . É fruto de um processo. Não foi contratada uma consultoria estrangeira para fazer ou um processo de privatização ou um programa de ação.(…)Com o PAC, acabou no governo a disputa entre desenvolvimentistas e monetaristas?Eu acho que uma parte da disputa colocada nesses termos é construída pela imprensa. Tem uma parte da disputa que é uma discussão sobre qual é o ritmo e quanto nós crescemos. Mas em momento nenhum ninguém quis jogar a criança com a água do banho fora. Nem acho que dentro do governo haja um conflito dessa proporção. Hoje há uma confluência de concepção: é possível crescer mantendo a estabilidade. Mas temos de ousar. Não é a mesma realidade de 2003: não estamos quebrando, a inflação está decrescendo.Foi o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, quem se referiu ao fim da era Palocci e depois se corrigiu…Tem um governo Lula e acho que o pessoal levou tempo para reconhecer que tem um governo Lula.Então a que a sra. atribui o comentário de que começou a era Dilma?Isso é uma tentativa de desqualificar. Não existe uma era Dilma. Individualizar um projeto coletivo é diminuir a força dele. Falar que existe uma era que não seja a era Lula é a tentativa de diminuir e desqualificar o fato de termos um governo com um presidente absolutamente cônscio das suas funções administrativas, das suas decisões, e que não as delega.Não é uma tentativa de dizer que hoje a senhora é a pessoa mais influente do governo, que pode ser a sucessora de Lula em 2010?É uma visão também distorcida. O presidente não é uma pessoa de influências assim. Ele ouve várias opiniões e forma a dele. Não há um Rasputin atrás do presidente. Ele é um homem com trajetória política que mostra isso: é extremamente arguto, capaz, e com grande sensibilidade política e capacidade de trabalho. Sempre que essas caracterizações aparecem, são inadequadas.(…)A regra de controle da folha salarial não deve passar no Congresso. O Legislativo e o Supremo não querem essa trava…Temos que fazer o esforço para introduzir cláusulas de gasto na legislação. Sem sombra de dúvida, há medidas mais difíceis e outras mais fáceis. Mas nós achamos que era correto sinalizar isso. Como achamos que, para mandar ao Congresso uma reforma da Previdência feita em gabinete, que não vai passar nem um milímetro, é preciso construir primeiro uma proposta na sociedade.Assinante lê mais aqui