Confundindo alhos com bugalhos
Olhem, tanto o senador Crivella (PRB-RJ) como a Igreja Universal do Reino de Deus, de que ele é ou era (sei lá) bispo, provocam em mim os instintos mais primitivos. O Exército está no Morro da Providência garantindo a segurança para a execução de uma obra que nasce de um projeto seu. Muita gente está […]
O argumento é ruim. Ainda que Crivella fosse um monumento moral, ético e teológico, a ocorrência teria se dado da mesma forma. É claro que é grave o que aconteceu lá, o que requer punição exemplar — até porque indica que o crime se infiltrou na Força. Mas isso nada tem a ver com o autor do projeto, goste eu dele ou não.
E, reitero, não caracteriza a incompatibilidade das Forças Armadas com o trabalho de segurança. Argumenta-se ainda que o Comando do Leste era contrário à presença do Exército, mas que ela lhe foi imposta pelo Ministério da Defesa. E daí? A cúpula militar é contra a atuação das Forças Armadas no que chama “combate ao crime”. A meu ver, comete o erro do convencionalismo: ainda não entendeu direito o que e o narcotráfico.
O narcotráfico, senhores generais, É UMA FORÇA MULTINACIONAL, ESTRANGEIRA, QUE DOMINA PARTES DO SOLO BRASILEIRO. Entenderam? É, sim, assunto para as Forças Armadas. E que fique claro: o Comando do Leste não era contra a presença do Exército porque temia que soldados pudessem entregar pessoas de uma facção à sua rival.
Convém parar de misturar as coisas. Se Crivella tivesse uma auréola, o problema não seria diferente. Se o Comando do Leste tivesse concordado com a operação, idem. Essas questões todas são apenas circunstancias, não essenciais.