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Reinaldo Azevedo

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Confederação Nacional da Indústria desce do muro e apoia o impeachment em carta a deputados

CNI vinha evitando tomar uma posição mais clara. Decidiu romper a neutralidade e deixar claro que, com o atual governo, país não tem saída

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 23h01 - Publicado em 14 abr 2016, 05h00
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  • A Confederação Nacional da Indústria (CNI) decidiu, finalmente, sair do muro e aderiu à defesa do impeachment. Em carta aberta aos deputados federais, aponta o quadro de desalento da economia, alerta para o risco de crise social e, com absoluta correção, aponta a inércia do governo ou, o que é pior, o aceno para medidas que tornaram a crise ainda mais aguda. Lá se pode ler:

    “Apesar de iniciativas positivas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o governo não demonstra capacidade para melhorar o ambiente de negócios, elaborar uma política econômica apropriada, e propor ações para fazer o Brasil retomar a trajetória do crescimento e do progresso.” E aponta: “Em sentido oposto, parcelas do governo acenam com uma nova guinada na economia, justamente na direção da política que nos legou o descalabro das contas públicas e criou o cenário catastrófico em que hoje nos encontramos.”

    Bem, é isso mesmo. A CNI vinha se mantendo neutra nessa questão, com uma retórica que começou a não encontrar mais lugar na realidade. Quando menos porque a confederação congrega associados. Que não querem mais saber do governo Dilma.

    O alinhamento com o impeachment se torna explícito neste trecho:
    “Estamos convencidos de que as discussões sobre o impeachment e sua votação no Congresso resultarão em uma nova fase da política nacional. O governo que emergir desse processo terá de arregimentar apoio, tanto no Parlamento como na sociedade, para liderar novo pacto federativo, restaurar a governabilidade e unir o país. Terá, também, que atuar com espírito público, bem como firmar compromissos com a ética e com a eficiência administrativa.”

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    É claro que esse não é um figurino compatível com o governo Dilma. Ainda que este conseguisse se salvar, não poderia cumprir nenhuma dessas tarefas porque teria um Congresso majoritariamente de oposição, com uma gestão loteada entre parlamentares que decidiram entrar na fila da indignidade de Lula.

    A carta vem a público no dia em que Dilma concede uma entrevista em que, quando não está acusando um golpe de estado, defende a elevação de impostos e fala da impossibilidade de cortar gastos. Mais: a agenda de reformas que chegou a ensaiar há menos de dois meses desapareceu. Afinal, para mobilizar os milicianos dos supostos movimentos sociais, foi preciso eliminar do horizonte, por exemplo, a reforma da Previdência.

    A CNI percebeu o óbvio: o governo acabou.
    *
    Leia a íntegra da carta da CNI, assinada por seu presidente, Robson Bragada de Andrade.

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    Excelentíssimo Senhor Deputado,

    Às vésperas da histórica decisão a ser tomada pela Câmara dos Deputados nesta semana, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e as Federações das Indústrias dos estados vêm manifestar sua convicção de que os nossos representantes saberão encontrar a melhor solução para a grave crise política e econômica que o país atravessa.

    Como Vossa Excelência tem conhecimento, a economia brasileira enfrenta um momento de extrema dificuldade, falta de confiança e incerteza. A estagnação de 2014 se transformou numa dolorosa recessão, que fez o Produto Interno Bruto (PIB) encolher 3,8% em 2015.

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    Para este ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a atividade econômica terá retração de igual magnitude, em um desempenho bem inferior à média dos países emergentes. As perspectivas para 2017, se não houver uma urgente mudança de rumo, são de outro ano sem crescimento. Mais do que amargar quatro anos perdidos, isso significaria a maior recessão da história do país, com seus dramáticos efeitos.

    Os brasileiros têm reais motivos para a desesperança. Estamos em meio a uma profunda crise social. Os indicadores mostram que os avanços obtidos na qualidade de vida da população, em um passado recente, ficaram para trás. A taxa de desemprego se aproxima de 10%, mesmo índice da queda da renda per capita prevista até o fim do ano. A inflação acumulada em 12 meses chegou a 9,4%, corroendo os salários dos que ainda se mantêm empregados.

    Essa conjuntura adversa, em grande parte causada por uma sucessão de erros na política econômica, vem afetando a indústria mais seriamente do que outros setores. Em 2015, o PIB industrial caiu 6,2% e a produção despencou 8,3%, o pior resultado em 12 anos. Os prejuízos são intensos e generalizados, atingindo todos os segmentos da indústria brasileira. Estamos perdendo a capacidade de produzir, investir, inovar e criar empregos. Essa é uma situação sem precedentes no país.

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    No quadro atual, a indústria não vislumbra a possibilidade de recuperação do mercado interno. Da mesma forma, não vê meios de compensar essa derrocada com o aumento das exportações. Apesar de iniciativas positivas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o governo não demonstra capacidade para melhorar o ambiente de negócios, elaborar uma política econômica apropriada, e propor ações para fazer o Brasil retomar a trajetória do crescimento e do progresso.

    Em sentido oposto, parcelas do governo acenam com uma nova guinada na economia, justamente na direção da política que nos legou o descalabro das contas públicas e criou o cenário catastrófico em que hoje nos encontramos.

    Ao mesmo tempo, o governo tem sido complacente com grupos sociais que pregam a radicalização e o confronto como forma de impor suas ideias. Essa atitude pode levar a um acirramento ainda maior das tensões, insuflando a violência, com sérias consequências.

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    Esse quadro negativo é ampliado pela falta de articulação do governo no Congresso, o que cria obstáculos para a aprovação das reformas de que o país necessita.

    Estamos convencidos de que as discussões sobre o impeachment e sua votação no Congresso resultarão em uma nova fase da política nacional. O governo que emergir desse processo terá de arregimentar apoio, tanto no Parlamento como na sociedade, para liderar novo pacto federativo, restaurar a governabilidade e unir o país. Terá, também, que atuar com espírito público, bem como firmar compromissos com a ética e com a eficiência administrativa.

    Nessa nova etapa da vida nacional, o governo e o Congresso precisarão de coragem e determinação para adotar medidas duras, mas essenciais para a retomada do desenvolvimento. Entre elas, estão as reformas previdenciária, tributária e administrativa, a recomposição das contas públicas, a modernização das leis trabalhistas e a revisão dos marcos regulatórios. Só com iniciativas firmes e ousadas poderemos voltar a trilhar o caminho do desenvolvimento, do qual nos distanciamos nos últimos anos.

    Neste momento turbulento, em que se discute o impeachment de um presidente da República pela segunda vez em pouco mais de duas décadas, temos a certeza de que o Congresso agirá com serenidade, grandeza e patriotismo para tomar a decisão que o país exige. Desse modo, poderemos suplantar a crise, tornar a crescer e gerar empregos.

    É hora de mudar.

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