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Reinaldo Azevedo

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COMO SOLTAR UM PSICOPATA E MATAR PESSOAS

No Jornal Nacional: A libertação do homem que acabou assassinando seis jovens de Luziânia, em Goiás, teve ingredientes ainda mais graves do que se supunha. Na segunda, nós mostramos que psiquiatras condenaram o fato de ele ter saído da cadeia, beneficiado pela chamada progressão de penas. Mas nesta terça os nossos repórteres mostram que três […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 15h32 - Publicado em 13 abr 2010, 22h29

No Jornal Nacional:
A libertação do homem que acabou assassinando seis jovens de Luziânia, em Goiás, teve ingredientes ainda mais graves do que se supunha. Na segunda, nós mostramos que psiquiatras condenaram o fato de ele ter saído da cadeia, beneficiado pela chamada progressão de penas.

Mas nesta terça os nossos repórteres mostram que três psicólogos viram sinais de que se tratava de um psicopata muito antes de ele deixar a prisão, em dezembro do ano passado.

Adimar estava em regime aberto, depois de ter cumprido parte da pena de dez anos de prisão por ter abusado sexualmente de dois meninos. Durante o período em que esteve preso, ele passou por exames.

Um laudo, assinado por três psicólogos, em maio de 2008, mostra que Adimar da Silva apresentava características negativas de personalidade.

Segundo o texto, havia sinais, inclusive, de sadismo, uma perversão sexual em que a busca de prazer se efetua através do sofrimento do outro. O laudo também identificava sinais de transtorno psicopatológico. Para os psicólogos, havia indícios de alguma doença mental.

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A recomendação deles era clara: que o preso passasse por avaliação psiquiátrica e que recebesse tratamento psicológico semanal “já que transtornos de sexualidade não desaparecem com o passar do tempo. Ao contrário, tendem a se tornar crônicos na ausência de tratamento”.

Adimar não recebeu o tratamento recomendado. A avaliação psiquiátrica foi feita, quase um ano depois, pela psiquiatra Ana Cláudia Sampaio.

O surpreendente é que o laudo não identificou nenhum traço agressivo como o relatório anterior. A psiquiatra diz que avaliou o criminoso apenas uma vez. Afirma que ele é consciente, orientado e tem juízo sem alterações e que Adimar “demonstra não possuir doença mental nem necessitar de medicação controlada”.

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Antes que o juiz determinasse a progressão de pena para o assassino, o Ministério Público pediu uma nova avaliação psiquiátrica de Adimar, conforme mostra um documento. O pedido foi feito em 9 de novembro do ano passado. Um mês e meio depois, o pedreiro foi libertado sem que o exame fosse feito, segundo o Ministério Público.

A promotora Maria José Miranda passou a acompanhar o caso depois que Adimar já havia sido libertado. “O juiz alegou que ele já estava praticamente solto, porque ele só dormia no presídio, ficava em liberdade durante o dia e ainda tinha saídas temporárias para passar com a família, portanto, se já estava nesse sistema, já estava praticamente solto e não delinquiu, significa que ele poderia ir para o regime aberto diretamente”.

Preocupada com os antecedentes de Adimar, a promotora fez um pedido no processo ao juiz, que hoje soa como uma profecia. “Considerando que não existe ex-estuprador e diante da extrema gravidade dos crimes cometidos por ele, requeiro que ele passe por fiscalização sistemática. Tal medida pode salvar a dignidade sexual de muitas crianças”.

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Quando o pedido foi feito, Adimar já tinha matado quatro rapazes. Ele chegou até a se apresentar à Vara de Execuções Penais, como teria que fazer regularmente, no dia 22 de janeiro, dia em que matou Márcio Luís.

Para a promotora, o poder público falhou. “O estado faz de conta que fiscaliza, em verdade não posso dizer que fiscaliza, porque a parcela dos presos fiscalizados é ínfima. O estado faz de conta que fiscaliza, não dá infraestrutura para a Vara de Execuções, não dá pessoal treinado, não dá viatura, não dá as condições de fiscalização”.

Em nota, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal informou que o juiz Luiz Carlos de Miranda não atendeu ao pedido do Ministério Público para que fosse feita uma nova avaliação psiquiátrica em Adimar Silva porque já havia nos autos o laudo feito pela psiquiatra Ana Claudia Sampaio, mostrado na reportagem. A psiquiatra foi procurada, mas não atendeu as ligações.

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Dos três profissionais que assinaram o laudo que apontava indícios de que Adimar apresentava uma doença mental, apenas um foi encontrado. Ele alegou a ética profissional e não quis falar.

A Associação dos Magistrados do Distrito Federal divulgou nota se solidarizando com os juízes Luiz Carlos de Miranda e Luciana Yuki Fugishita Sorrentino, que atuaram no processo de Adimar da Silva.

A associação ressaltou que os juízes atuaram com profissionalismo, aplicando a jurisprudência e a lei, baseando-se em laudos técnicos.

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