Na conversa que manteve nesta segunda com dom Leonardo Steiner, secretário-geral da CNBB, a ministra Gleisi Hoffmann disse que os laudos antropológicos da Funai serão levados em conta e coisa e tal: “A Funai tem, claro, a sua palavra no laudo antropológico, que não vai ser desconsiderada de maneira nenhuma”!
Tenho a certeza de que não, mas deveria. Gleisi sabe muito bem que a Fundação apresentou laudos sobre a presença indígena ancestral em 15 áreas do Paraná. E era tudo mentirinha! A Embrapa realizou estudos técnicos a respeito e descobriu a fraude.
Desafio
Alguém já viu cabeça de bacalhau, enterro de anão ou esquerdista rejeitar um emprego público? Nunca! E também nunca viu antropólogo da Funai e seus critérios científicos para definir o que é e o que não é área indígena.
– Quem é essa gente?
– Onde está?
– Quais são as referências histórias, as evidências, a bibliografia, o trabalho de campo?
– Que método é empregado?
– Qual é o tamanho da equipe?
– O trabalho é submetido a alguma supervisão?
– O trabalho é submetido, como se deve fazer no estudo acadêmico (porque é disso que se trata), ao juízo dos pares?
– Os antropólogos são funcionários da Funai ou são contratados?
– No caso de contrato, como é feita a escolha?
Ninguém sabe nada! Esses seres misteriosos — os antropólogos da Funai!!! — detêm um poder discricionário a ninguém mais conferido. Se, amanhã, decidirem que a Avenida Paulista deve ser entregue o Cacique Touro Folgado, abre-se, digamos, um procedimento e pronto! A área passa a ser “de interesse dos índios”.
A gente não precisa ver cabeça de bacalhau.
O enterro do anão só é da conta de seus familiares e amigos.
Mas a gente precisa, sim, saber como são contratados os “laudos antropológicos” da Funai e quem, afinal de contas, são esses antropólogos.