COELHO QUER ASSAR OS PESSIMISTAS COM BATATAS

Marcelo Coelho, articulista da Folha, escreveu um artigo nesta quarta intitulado “Os Doutores do Pessimismo” e deu uma esculhambada — suave, como é de seu estilo miúdo — num grupo de jornalistas e pensadores que ele classifica de “pessimistas e sombrios”, a saber: “Luiz Felipe Pondé, João Pereira Coutinho, Demétrio Magnoli e Reinaldo Azevedo”. Duvido que alguém vá responder a Coelho — acho que só eu mesmo o farei, o mais bobinho da turma. Já devo ter contado aqui. Dei certa feita R$ 2 de esmola. O sujeito achou pouco e me xingou. Tomei o dinheiro de volta. Quem dá aos pobres empresta a Deus. Quem é didático com eles começa a escrever um evangelho. Darei agora R$ 2 a Coelho. Mais tarde, aumentarei a doação: virá uma nota de R$ 5 na forma de um vermelho-e-azul.

Agora, quero apenas destacar um trecho do que ele disse, a saber:
“Há diferenças notáveis de atitude e de opinião entre pessoas como Luiz Felipe Pondé, João Pereira Coutinho, Demétrio Magnolli ou Reinaldo Azevedo. Mas é um time e tanto, e minha experiência pessoal com a violência do ser humano, adquirida nos pátios de recreio do ginásio, é suficiente para não querer polemizar com alguns deles.
Não vou, portanto, individualizar as minhas críticas.”

Co-e-lhi-nho, se eu fosse como tu… Observem que Coelho sugere que nós somos todos violentos e tendemos, como moleques de recreio, a partir para a porrada e o dedo no olho. Ele, claro, não! Ele é o menino civilizado, que não suja o shortinho e pergunta ao coleguinha do lado: “Aceitaria compartilhar dos acepipes de minha lancheira, caro confrade?”

Será essa abordagem camarada já a violência de que ele fala? Mas como? Sem a minha reação, seu texto nem mesmo se tornará uma polêmica, nem sequer será comentado. Quando tiro Coelho da vala dos clichês da esquerda-com-punho-e-colarinho e lhe dou alguma vida, estou sendo mau com ele? Acho que não. É prova da minha generosidade. Pode ficar tranqüilo, Coelho. Não sou do tipo que dá tapa na orelha ou puxa o elástico da cueca (refiro-me à “ceroula”, Coutinho…).

Mais tarde, deixarei claro por que Marcelo Coelho, com a suavidade que lhe é peculiar, está pedindo uma “limpeza” da imprensa. Ela ainda abriga alguns pessimistas. E isso é insuportável. Nem o stalinismo perseguiu os homens sombrios. É que Stálin não era um iluminista. Coelho é. Fica para a madrugada. Tenho agora de divergir de Barack Obama…