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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Clóvis Rossi se supera e consegue escrever seu pior texto! Até agora…

Clovis Rossi escreveu na Folha deste sábado o artigo que jamais imaginei ler. Nesse estrito sentido, não deixa de ser realmente surpreendente. Desta feita, reproduzo inteiro, o que não faço no clipping. Um vermelho e azul com ele. Quando a polícia é compreendida O que mais me impressiona nos episódios da USP não é tanto […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 17h27 - Publicado em 13 jun 2009, 07h12

Clovis Rossi escreveu na Folha deste sábado o artigo que jamais imaginei ler. Nesse estrito sentido, não deixa de ser realmente surpreendente. Desta feita, reproduzo inteiro, o que não faço no clipping. Um vermelho e azul com ele.

Quando a polícia é compreendida

O que mais me impressiona nos episódios da USP não é tanto a ação policial, embora condenável.
“Condenável” por quê? Ele tem de dizer. A PM estava lá obedecendo a uma ordem judicial. Não deveria atuar? Os estudantes que cercaram e ameaçaram policiais não são “condenáveis”?

Não me impressiona pela quantidade de vezes que vi episódios semelhantes -e sofri na pele a violência, embora nada tivesse a ver com o peixe. Estava apenas cobrindo manifestações públicas, no Brasil, na Argentina, no Chile, em Seatle (EUA), na América Central etc.
Como se vê, a polícia é mesmo uma instituição internacional… Existe também na Suíça, na Suécia, na Noruega… Rossi deveria se perguntar por que a extrema esquerda não se mobiliza contra o programa de ensino à distância nas universidades federais.

O que me impressiona é o fato de que pessoas da melhor qualidade, como o professor Dalmo Dallari, aceitem o recurso à polícia para resolver uma pendência interna da universidade.
Acho que ele tentou escrever “pendenga”, já que “pendência” é outra coisa. Não é assunto interno, não. Quando um grupo organizado ameaça o direito de ir e vir e a integridade física de professores, funcionários e alunos, tem de se contido. E é um trabalho da polícia. Na universidade, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapé.

Não estou nem discutindo os argumentos que Dallari apresentou em sua entrevista de ontem à Folha. O fato é que sou de um tempo em que, em qualquer confronto polícia x estudantes, os Dallaris do mundo estariam do lado dos estudantes.
Mais um que não quer “discutir os argumentos”… Como é que alguém pode se espantar com a opinião do outro sem “discutir os argumentos”? Nunca vi isso. Ou melhor: já vi. Mas as pessoas que raciocinam assim não costumam ter coluna em jornal. Quer dizer que os “Dallaris” da vida têm de estar sempre com os estudantes mesmo quando os estudantes estão errados? Mesmo quando estão depredando a universidade? A USP tem 80 mil alunos e quase 6 mil funcionários. Umas 500 pessoas, no máximo, impedem o funcionamento do restaurante, dos ônibus internos e as aulas na FFLCH (e não 2 mil…). E como ficam os outros 79.500 alunos? Devem ser privados dos seus direitos? “Estudante” é só quem faz barricada e impõe a sua vontade a quem não quer fazer greve? Publiquei aqui a carta de um grupo de alunos de alemão que foi vítima de uma ação verdadeiramente fascistóide.

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Impressiona também o fato de alunos condenarem seus colegas e aceitarem a ação policial, como ficou claro em duas cartas publicadas, em dias sucessivos, no “Painel do Leitor”. Sou do tempo em que estudantes eram rebeldes, com ou sem causa, e portanto mereciam o apoio integral de seus colegas -ainda que cego, às vezes.
Rossi não está preparado, vejam vocês, para o fato de os estudantes também evoluírem e apoiarem o movimento quando acham justo. E não apoiarem quando acham injusto. É inacreditável que escreva um troço como esse. Como já deixei claro aqui, uma parte do jornalismo de São Paulo é que promove a “greve” na USP, em parceria com um grupelho trotskista chamado LER-QI (falei ontem a respeito). Um único militante de esquerda, ex-funcionário da USP, Claudionar Brandão, ligado à LER-QI, pauta esse setor da imprensa. Quem deve ser chamado a atuar na universidade quando os direitos constitucionais são desrespeitados? Rossi escreveu um texto de assembléia, de passeata. Com ele, demonizou os não-grevistas, tentando constrangê-los, sugerindo que são insensíveis ou traidores da causa. ESPERO QUE OS NÃO CAIAM NO TRUQUE SUJO E CONTINUEM FIÉIS À CONSTITUIÇÃO DEMOCRÁTICA. Que não permite aquele tipo de constrangimento.

Até entendo que a rebeldia de hoje se dê em torno de questões mais pobres (ou estou sendo apenas saudosista? O que a idade permite, mas o bom senso desaconselha).
É, Rossi, hora de ler Antero de Quental, bastante citado neste blog, mas nunca o suficiente:
“Levanto-me quando os cabelos brancos de V. Exa. passam diante de mim. Mas o travesso cérebro que está debaixo e as garridas e pequeninas coisas que saem dele, confesso, não me merecem nem admiração nem respeito, nem ainda estima. A futilidade num velho desgosta-me tanto como a gravidade numa criança. V.Exa. precisa menos cinqüenta anos de idade, ou então mais cinqüenta de reflexão.”

O fato é que sempre me encantou um dos slogans-símbolo de 1968, aquele que dizia “seja razoável, peça o impossível”. Hoje, o impossível nem passa perto da pauta.
É falta de leitura. Recomendo as Memórias de Raymond Aron para saber o mal que 1968 fez à universidade francesa. Rossi era um dos colunistas que pegava no pé de FHC, mangando da sua “utopia do possível”. Para o crítico, o possível é coisa que qualquer um pode fazer. Fora de uma linguagem, digamos, poética, o que quer dizer “pedir” ou “prometer” o impossível? Se for um assunto privado, é coisa de idiotas. Se for um assunto público, é coisa de vigaristas.

O empobrecimento da agenda talvez explique a desunião no meio estudantil. Até acredito que “entre os 2.000 estudantes que se manifestaram nesta semana estão alguns de nossos melhores alunos”, como escreveu ontem Vladimir Safatle, professor da filosofia.
Pois é… Acredita em gente errada. Até os números de Safatle eram falsos. Como é falso que a PM tenha entrado de metralhadora na USP. Como é falsa a disparidade salarial que ele alegou em seu artigo. Uma soma de imposturas, conforme demonstrei ontem aqui.

São poucos, não? E ainda resta saber onde estavam os outros melhores alunos.
Os REAIS MELHORES ALUNOS estavam estudando, Clóvis Rossi, em vez de se mobilizar para trazer de volta à USP um ex-funcionário cuja truculência é antológica, documentada. O problema, claro, é estar com a cabeça ainda em 1968 — seja na França, seja no Brasil. A universidade custa caro aos cofres públicos e deve produzir conhecimento.

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Os petistas usarão os eventos da USP para atacar seus adversários tucanos, mas as críticas de Dallari indicam que o PT não reconhece futuro no movimento dos ultra-radicais. Gente como Rossi não se conforma com isso e está tentando ver se a coisa recrudesce. Só assim ele poderá dar algum lições a José Serra de como conduzir a questão. Provavelmente ministrará ao governador a receita que ministrava a FHC: “Ah, faça o impossível. O possível, até eu faço”.

À sua maneira, com efeito, ele escreveu o texto realmente impossível.

Eu disse: o principal jornal do país está sendo pautado pela Liga Estratégica Revolucionária — um grupelho trotskista que não deve encher um Fusca. Não, Clóvis Rossi, a crise não está na universidade nem é do estudantado. E você é a prova.

PS: A escória do subjornalismo na Internet — a ratazana, o anão… — vive acusando a Folha, injustificadamente, de “serrista”. Trata-se de uma tática para intimidar o jornal, empurrando-o para o ataque ao governador, o que provaria que eles estão errados. Fazem isso também com o Estadão. Infelizmente, alguns bocós caem no truque, provando, então, que são “independentes” de Serra, mas não “independentes” da escória, já que se deixam pautar por ela. E há quem faça o jogo por gosto mesmo. Num caso ou noutro, vale até se aliar à espantaosa “Liga Estratégica Revolucionária – Quarta Internacional”.

A universidade até que vai bem. E o jornalismo? Como vai?

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