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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Caso Strauss-Kahn: a Justiça e a Promotoria americanas de joelhos para o politicamente correto. Este blog acertou, não é mesmo?

Ai, ai… Deixem-me ver por onde começo. Raramente um texto que escrevi me expôs a tantas agressões gratuitas como o publicado no dia 23 de maio, intitulado O DNA de Strauss-Kahn, a gola da camareira e uma versão subindo no telhado, em que coloquei em dúvida a versão da camareira que acusava Dominique Strauss-Kahn, então […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 11h28 - Publicado em 1 jul 2011, 07h43

Ai, ai…

Deixem-me ver por onde começo. Raramente um texto que escrevi me expôs a tantas agressões gratuitas como o publicado no dia 23 de maio, intitulado O DNA de Strauss-Kahn, a gola da camareira e uma versão subindo no telhado, em que coloquei em dúvida a versão da camareira que acusava Dominique Strauss-Kahn, então diretor-gerente do FMI, de tentativa de estupro. A imprensa mundial, também a brasileira — sim, queridos, com as exceções costumeiras —, ficou cega. Parecia tão evidente que uma imigrante africana pobre (nem tanto, como se verá) falava a verdade quando acusava um branco poderoso e europeu — que se sabe “sexólatra” — de tentativa de estupro!

Quando veio a público a informação de que os vestígios de sêmen encontrados na gola do vestido da mulher eram, de fato, de Strauss-Kahn, em vez de o jornalismo ligar o desconfiômetro, fez-se o contrário. Tomou-se aquele fato como prova de que ela falava a verdade: ele, com efeito, a submetera a sexo forçado… Pois é! Foi exatamente com essa “prova” que tive a certeza de que ela era uma vigarista. Vocês já tentaram abrir a boca de uma criança de um ano para dar um remédio quando ela não quer? Não há força humana que consiga. Imaginem, então, abrir os maxilares de um adulto contra a sua vontade. Mas quê! Jornalistas se esqueceram de que também fazem sexo — a maioria ao menos. Parecia que a Europa branca e colonialista havia posto a África colonizada de joelhos para o “blow job”, o “trabalho de sopro”. Escrevi, então, aqui o que vai em azul:

A suposição de que houve, sim, sexo oral, não simples tentativa, é evidente. E, digamos, DSK não se fez de rogado. Em que circunstâncias essa moça estaria ao menos impedida de gritar (sem piadinhas, tá?)?  Ele estava armado com um revólver, uma faca? Não sendo sexo consensual, a depender do estímulo que o teria levado a ejacular, ela poderia ter causado um dano e tanto àquilo que  um ministro do STF chamara “regalo”, “bônus da natureza”, do sátiro, certo? Claro, sempre há hipótese de DSK ser o famoso ligeirinho: mal começou, já terminou. Uma luta rápida com a moça teria sido o bastante para fazê-lo atingir o paroxismo. Mas na gola? Coisa semelhante quase derrubou um presidente dos EUA – naquele caso, sexo claramente consensual; ou “não-sexo”, né? Bill Clinton deixou claro que, para ele, só vale “aquilo naquilo” – aquilo naquele outro não…

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As circunstâncias, considerando quem é ele e quem é ela, estão contra o ex-chefão do FMI, independentemente do que tenha acontecido. Mas a esmagadora maioria dos leitores aqui sabe do que estamos falando, não? O politicamente correto, o mulheristicamente correto, o camareiristicamente correto, o oprimidiscamente correto, o americanamente correto e afins podem impedir que se constate o óbvio, que continua, não obstante, a ser óbvio: a versão da tentativa de estupro está bem mais fraca agora, ainda que o tal DSK, tudo indica, se deixe abrasar até pelas pernas de uma mesa se esta se lhe afigurar sestrosa…

Voltei
Apanhei que deu gosto! Os mais suaves me acusavam de estar sendo condescendente com uma tentativa de estupro. Houve quem se atravesse a fazer até um pequeno ensaio psico-sociológico sobre como uma negra, pobre e africana ficaria paralisada de terror diante de um branco, poderoso e europeu, o que a teria levado a fazer todas as suas vontades. É asqueroso!

Strauss-Kahn foi arrancado de um avião com estardalhaço, algemado, preso. Teve de pagar uma fiança de US$ 1 milhão e dar outros US$ 5 milhões como garantia. Arca com US$ 250 mil por mês para garantir que possa ficar em liberdade vigiada, com uma tornozeleira. A sorte dele é ser um daqueles socialistas franceses milionários  (também temos os nossos) — ou estaria lascado. Um condomínio em Manhattan  rejeitou a sua presença. Foi exposto como um cão pelo sistema judiciário americano e pela promotoria — que, obviamente, estão com alguns problemas, não é mesmo? Também lá o establishment legal faz “blow job” no politicamente correto. E que se dane a Justiça!

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A própria Promotoria, que antes achava tão forte a história da pobre camareira da Guiné, sabe agora que, no dia em que ela se ajoelhou para Strauss-Kahn, ligou para um amigo seu na cadeia, traficante de drogas, para discutir a conveniência e os ganhos que teria se acusasse o diretor-gerente de tentativa de estupro. Esse traficante integra um grupo de pessoas que já depositaram US$ 100 mil na conta da coitadinha, que ela não reconhece como seus. Os depósitos foram feitos no Arizona, Nova York, Geórgia e Pensilvânia. Ela também assegurou à polícia que tem um único número de telefone. Descobriu-se que paga centenas de dólares por mês para manter cinco linhas em companhias diferentes. É pouco? Ela contratou advogados na França para tentar encontrar outras mulheres que acusassem Strauss-Kahan. À polícia, disse que já tinha sido estuprada em seu país e submetida à mutilação genital. Mas nada disso, que poderia ter facilitado enormemente a concessão de visto para que ficasse nos EUA, consta de sua ficha no Departamento de Imigração.

Cyrus R. Vance Jr., da Promotoria de Nova York, antes o grande verdugo de Strauss-Kahan, afirmou que vai dizer nesta sexta-feira ao juiz que os promotores “têm problemas com o caso”. É mesmo? Deveria envergonhar-se, então, de ter concedido uma entrevista, tão logo o caso foi denunciado, afirmando a sua convicção era a de que a tal camareira falava a verdade. Que diabo de sistema é esse que primeiro destrói a reputação de um acusado para descobrir que a história não era bem aquela? A gente sabe o que aconteceu com o advento do politicamente correto: para combater a distorção do passado — quando os “poderosos” estavam sempre certos, mesmo quando estavam errados —, decidiu-se, então, que eles estarão sempre errados, mesmo quando estiverem certos. O prejuízo à vida de Strauss-Khan, e o financeiro é o de menos, foi imenso. Ele era o pré-candidato que liderava a corrida presidencial na França.

Aliados do ex-dretor-gerente do FMI sempre acusaram um complô político contra o homem, sugerindo até que ele pode ter nariz grande, ser baixinho, morar no Palais de l’Élysée e ser casado com Carla Bruni. Nesse caso, eu já acho que a coisa vai muito além de qualquer evidência.  Vamos ver. A conspiração comprovada é mesmo aquela contra a verdade, determinada pelo politicamente correto.

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