Ah, que gracinha!
Caio Blat é um mimo do, digamos assim, pensamento politicamente correto. Não há projetinho de esquerda em que ele não se meta. Sei porque li aqui e ali. O pouco que vi me revela aquela linha de atores bem-sucedidos mais por sua network e pelas bobagens que diz fora da tela do que por sua contribuição às artes… Faz bem a linha “caras e bocas”. Afete tristeza: e ele faz cara triste. Agora a alegria, idem. Agora pule… Faça um filme “bem realista” sobre estupro. Ah, ele faz! Primeiro transa gay masculina na TV? Pode deixar com ele.
Um progressista. Um rompedor de fronteiras. Mas tudo pode parar numa figurinista que decidiu, que ousadia!., ser protagonista dos próprios direitos.
Oh, sim: ele tem opiniões sobre tudo. Para ele, por exemplo, “o governo Temer é o fundo do poço”. Isso quer dizer, suponho, que o de Dilma estava um pouco acima. Em que critério? Econômico? Moral? Social? Sei.
Como opina sobre tudo, é capaz até de emitir uma opinião correta de vez em quando, como esta:
“É genial ver Bolsonaro processado por incitação ao estupro [em 2014, o parlamentar afirmou que a deputada Maria do Rosário Nunes ‘não merecia’ ser estuprada por ser ‘muito feia’]. Mostra que a sociedade está amadurecendo e não admite mais comportamentos assim”.
“Genial” é um dessas palavras de intenção superlativa que se usam por aí… Bem, não há nada de “genial” no processo contra Bolsonaro. Apenas se está cumprindo a lei e levando a sério o sentido das palavras.
Mas Bolsonaro é “de direita”, certo? E a moral relativa de alguns esquerdistas — também da direita xucra — acha razoável que se aplique aos inimigos um tratamento legal que não se aplica a amigos. E vice-versa.
Está lá no meu livro de frases, “Máximas de um País Mínimo” (Editora Record), a inteira definição do padrão moral da esquerda e da direita xucra: “Aos amigos tudo, menos a lei; aos inimigos, nada, nem a lei!”.
Mas volto ao rapaz
Caio Blat, suma e síntese daquela turminha muito bem paga da Globo que adora sair por aí de braços dados com o PSOL — e, nos botecos, atacar a emissora que os emprega e lhes garante grana e fama! —, resolveu sair em defesa de José Mayer. Afirmou sobre a decisão da emissora de, por enquanto, afastar das novelas o ator enroscado:
“Não estou sabendo dessa decisão, mas não acho certa. Acho que foi uma brincadeira fora do tom, na presença de outras pessoas. Ele não representa uma ameaça a ninguém. Acho que ele foi brilhante na maneira como se colocou”.
Ah, entendi! Bolsonaro merece ser processado por incitação ao estupro por ter disparado palavras boçais. Pois é! Eu e Caio concordamos com isso. Mas o rapazola acredita que seu amigo não fez nada de essencialmente grave com suas “brincadeiras fora do tom”. Afinal, não é, Caio?, “aos amigos tudo, menos a lei; aos inimigos, nada nem a lei”. Basta ler o relato da figurinista, que o ator não contestou, para saber que ele foi bem além das palavras.
É uma nojeira!
Sem contar que gente como Caio Blat ajuda a criar a impressão de que “o meio artístico” é feito mesmo dessas sem-vergonhices, sabem cumé? Calma! Eu reconheço todas as artes como um território também de transgressões. Mas se o mais forte se impõe ao mais fraco ao arrepio da lei, contra a sua vontade, estamos diante de uma subjugação, de um jugo, como em qualquer outra relação.
Talento e moral
E, por óbvio, nem mesmo um comportamento lamentável e criminoso, como o de José Mayer, impede alguém de ser eventualmente um gênio em sua arte. Bem, está estupidamente longe de ser o caso, mas, ainda que Mayer fosse Sir Laurence Olivier, tornado o “Barão Olivier de Brighton, tal comportamento seria aceitável. Talento não é sinônimo de caráter. Caráter não é um sinônimo de talento.
Nas relações interpessoais, o caráter vem primeiro. Ele que deixe o “talento” para os que apreciam o estilo testosterona prateada, que fala com os dentes trincados, o olhar severo e as narinas abertas para afetar virilidade.
O petista José de Abreu, no Twitter, criticou seu amiguinho de esquerda: “Caio falando merda de novo? Daqui a pouco se arrepende e pede desculpa”.
Grande moralista esse Abreu!
É aquele senhor que vive de assediar pessoas que discordam dele nas redes sociais e que inaugurou o jeito Jean Wyllys de argumentar. Como resposta a uma mulher que discutia com ele num restaurante, ele não optou nem pelo assédio nem pela apologia do estupro: cuspiu na moça!
Que elenco!
Próximos seminários a serem feitos pela área artística da Globo:
1 – “Democracia, Estado de Direito e Artigo 5º da Constituição”;
2 – “Como se comportar de modo civilizado com quem não é da sua turma”.