Brasil aciona OMC contra países ricos
Por Jamil Chade, no Estadão:O governo brasileiro vai acionar amanhã a Organização Mundial do Comércio (OMC) para que a entidade passe a monitorar o impacto dos pacotes lançados para salvar as indústrias dos países ricos. A OMC vai se reunir nesta segunda-feira pela primeira vez para avaliar as consequências da crise econômica no comércio internacional. […]
O governo brasileiro vai acionar amanhã a Organização Mundial do Comércio (OMC) para que a entidade passe a monitorar o impacto dos pacotes lançados para salvar as indústrias dos países ricos. A OMC vai se reunir nesta segunda-feira pela primeira vez para avaliar as consequências da crise econômica no comércio internacional. O governo teme que as operações de socorro, incluindo as do presidente americano, Barack Obama, que está para ser votado, irradie pelo mundo uma nova onda de ações de cunho protecionista e nacionalista.
“Há uma escalada progressiva do protecionismo e esse cenário pode piorar, se nada for feito”, afirmou o embaixador do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo. O Brasil vai afirmar que o uso de tarifas alfandegárias, a medida protecionista mais comum, é apenas a arma dos países pobres. Os ricos usam seus orçamentos bilionários para ajudar as suas empresas e é nesse campo que a OMC deveria ficar atenta.
Além do setor industrial, o Brasil destaca a explosão do volume dos subsídios no setor agrícola. É o caso do cultivo de algodão nos Estados Unidos, que voltou a ser subsidiado, mesmo que a prática já tenha sido condenada nos tribunais da OMC. O governo também se preocupa com o pacote de Obama, cujo conteúdo protecionista dificilmente será alterado até sua votação no Senado.
Mas o pacote de Obama não é o único com problemas. Na França, o governo quer usar parte dos recursos de um plano de relançamento da economia para exigir que empresas locais comprem apenas produtos franceses.
O discurso no Itamaraty é que os recursos dados às indústrias criam distorções e reduzem a competitividade dos países emergentes. “Nesse cenário, quem mais perde são os países em desenvolvimento”, afirmou Azevedo.