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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Ao conjunto dos leitores, mas muito especialmente aos cariocas! Ou: De “copabacanas” e “sampáticos”

Na semana passada e começo desta, alguns leitores do Rio, de boa-fé, sugeriram que tenho má vontade com a cidade. É uma injustiça. Eu adoro o Rio — é, noves fora os estragos provocados pelo acúmulo de políticas públicas desastradas ao longo da história, um dos lugares mais bonitos do mundo. Não vou aqui cantar […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 10h37 - Publicado em 29 set 2011, 18h53

Na semana passada e começo desta, alguns leitores do Rio, de boa-fé, sugeriram que tenho má vontade com a cidade. É uma injustiça. Eu adoro o Rio — é, noves fora os estragos provocados pelo acúmulo de políticas públicas desastradas ao longo da história, um dos lugares mais bonitos do mundo. Não vou aqui cantar as glórias do “povo carioca” porque vocês sabem que não acredito nisso. Há cariocas muito copabacanas, como há paulistanos sampáticos. Mas há também os chatos nas duas cidades. Eu não acredito nesse negócio de “índole”… Há, por exemplo, indivíduos do Rio que trabalham muito, como há em São Paulo os vagabundos, na contramão dos estereótipos.

O que motivou os protestos foi uma ironia que fiz. Uma UPA teve de ser fechada, enquanto rolava o Rock In Rio, por causa do ataque da bandidagem. E boa parte da polícia estava garantindo a segurança da festa. Eu não tenho nada contra festas. Ao contrário! Acho legal o evento grandioso. Mas como deixar de apontar o óbvio? Noticiei o episódio colocando no título a expressão “Shot in Rio”. Ora, meus caros, não se trata de um título contra a cidade, não, mas a favor dos cariocas — ao menos daqueles que deixarão de ser atendidos na UPA por causa da bandidagem. Também não era um ataque ao Rock In Rio, por mais que eu ache constrangedor roqueiro com mais de 25 anos… Mas isso é idiossincrasia. Eu só fazia um contraste óbvio.

Todos sabem que sou crítico da política de segurança do Rio de Janeiro. O arquivo está aí à disposição de todos. Ela tem, antes de mais nada, uma falha de natureza conceitual. Fui um dos primeiros — e bem antes deste blog — a afirmar que o combate ao crime nas grandes cidades tem uma face de guerr: retomada de território. Por isso sou favorável, sim, a que as Forças Armadas atuem, desde que sob rígido controle, para “levar a bandeira do Brasil onde está a bandeira do Comando Vermelho” — usei essa imagem num texto há uns 12, 13 anos.

Ocorre que o secretário José Mariano Beltrame, em parceria, obviamente, com Sérgio Cabral, conseguiu criar uma CONTRADIÇÃO onde deveria haver, no mínimo, uma CORRELAÇÃO: para ele, a prioridade é a retomada do território, não o combate ao narcotráfico. Resultado: as áreas dos morros estão sendo “pacificadas”, mas os traficantes ou ficam por ali mesmo, fazendo o seu “trabalho”, ou, no caso dos mais agressivos, fogem. É uma política de combate ao crime que não prende quase ninguém. ORA, MEUS QUERIDOS, ISSO NÃO EXISTE! Há, assim, um excesso de marketing, adotado passivamente por amplos setores da imprensa, sobre a tal “pacificação”. E é isso o que tenho apontado desde o começo.

Não é por acaso que (vejam post anterior) já caíram os “dois heróis” da pacificação — FALSA!!! — do Morro do Alemão. A política de segurança do Rio está excessivamente contaminada pelo marketing e muito pouco comprometida com um trabalho de Inteligência, ou Cláudio Luiz e Silva, preso sob a acusação de ter tramado a morte da juíza Patrícia Acioli, não teria sido nomeado comandante do batalhão de São Gonçalo.

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Trata-se, meus caros, tão-somente de a gente ser um pouco mais exigente com os homens públicos e as políticas públicas. A política de segurança pública do Rio, cuja face visível são as UPPs, traz implícita uma troca inaceitável: “Daremos a paz, mas não vamos nos confrontar com os bandidos”. Dirão: “Não exagere, Reinaldo!” Não exagero. Onde estão os presos?

“E de São Paulo, não fala nada?” Perguntem ao secretário de Educação se não… Mas não critiquei uma proposta do dito-cujo para demonstrar que não sou bairrista ou sei lá o quê.  Eu não sou mesmo! Já disse que nasci na Fazenda Santa Cândida — não foi em “São Paulo” nem “no Brasil”… É que tenho a mania de dizer “sim” para as coisas com as quais concordo e “não” para aquelas de que discordo, venham de onde vierem, estejam onde estiverem. Elogiei, por exemplo, a decisão da Prefeitura do Rio de tirar compulsoriamente das ruas, encaminhando para tratamento, as crianças viciadas em crack. Acho que se deve fazer o mesmo com os adultos, diga-se, no Brasil inteiro.

Que a crise na Secretaria de Segurança do Rio sirva para uma apreensão mais realista e menos publicitária da questão. A única forma de combater o crime de maneira sustentada, duradoura, é enfrentando-o e tirando de circulação os bandidos. Eu gosto da política de segurança pública de São Paulo porque adotou esse caminho há quase 15 anos.  O resultado é visível. O número de homicídios caiu quase 80%. O resto é marquetagem.

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