Alta de preço dos alimentos contamina outros produtos
Por Pedro Soares, na Folha:Primeiro, foram os alimentos a pressionar a inflação. Agora, os reajustes se dissiparam e atingem a maior parte da cesta de produtos que integra o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE. Em maio, dos 465 itens pesquisados pelo índice oficial, 71,35% registraram alta. O percentual supera em quase […]
Primeiro, foram os alimentos a pressionar a inflação. Agora, os reajustes se dissiparam e atingem a maior parte da cesta de produtos que integra o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE. Em maio, dos 465 itens pesquisados pelo índice oficial, 71,35% registraram alta. O percentual supera em quase dez pontos o de abril (61,98%).
Em maio do ano passado, o chamado índice de difusão era bem menor: 56,99%, segundo dados da Tendências. “Esse patamar de maio é bem alto. Se se configurar uma tendência, como parece, mostra uma disseminação da inflação que é preocupante”, diz Marcela Prada, economista da consultoria.
Para ela, a pressão dos alimentos contamina outros preços. “Há um ambiente de aquecimento econômico propício para reajuste”, afirma.
Em maio, o IPCA surpreendeu os especialistas e bateu em 0,79% -acima do 0,55% de abril. Foi a maior alta desde abril de 2005 (0,87%) e a mais elevada variação para um mês de maio desde o início do Plano Real, em 1994.
Diante do resultado, economistas já cogitam a possibilidade de o índice ultrapassar o teto da meta do governo para 2008, de 6,5%. Um dos motivos é a maior difusão da inflação que começa a tomar corpo.
Tal fenômeno se evidencia com o comportamento dos preços dos serviços, que avançam a reboque da alta da inflação dos alimentos, do aquecimento da economia e da expansão da renda do trabalhador.