Perguntam-me se não considero estar havendo uma superestimação da figura de José Alencar. Bem, é o corriqueiro na morte. De todo modo, respondo: o empresário é digno de todos os méritos. Estamos, sem dúvida, diante de uma história rara de sucesso. O indivíduo que lutou contra a doença com a determinação e a coragem a que já aludi aqui , também merece todos os aplausos. Já quanto ao político, a resposta é “sim”. Parte dessa exaltação excessiva tem a ver com o lulo-petismo. Sim, ele foi figura-chave para mostrar ao eleitor um PT mais amansado. Lula teria vencido com ele ou sem ele. Com ele, a turbulência na reta final de 2002, embora grande, foi menor. O grande empresário ajudava a diluir a imagem do partido que se dizia socialista até havia pouco.
No governo, no entanto, sua atuação foi discretíssima a não ser por um particular: as freqüentes críticas aos juros altos. Mas não exerceu o papel que alguns esperavam porque o PT não deixou. Nunca foi um interlocutor de Lula junto ao empresariado ou aos tais mercados. Ao contrário até: seus dissabores com a política monetária até o afastavam de alguns setores. No primeiro mandato, o enviado especial de Lula à Dona Zelite foi Palocci — até a sua queda ao menos. Depois, foi Henrique Meirelles, justamente um dos alvos do vice. Vale dizer: o político Alencar não teve influência nenhuma no governo Lula.