AH, É ASSIM? ENTÃO…
Em novembro, noticiei aqui: ao aparecer na tela de cinema um trailer da baboso-lacrimimejante “Lula, o Filho do Brasil”, que inaugura no país a estética que classifiquei de “Idealismo capitalista estato-lacrimejante”, constatei uma vaia generalizada no cinema, mas ainda um tanto surda. Percorreu a sala como uma onda: “uuuuuuuuuuu”. Ontem, publiquei uma notinha com uma […]
Em novembro, noticiei aqui: ao aparecer na tela de cinema um trailer da baboso-lacrimimejante “Lula, o Filho do Brasil”, que inaugura no país a estética que classifiquei de “Idealismo capitalista estato-lacrimejante”, constatei uma vaia generalizada no cinema, mas ainda um tanto surda. Percorreu a sala como uma onda: “uuuuuuuuuuu”. Ontem, publiquei uma notinha com uma informação de Ancelmo Gois: no cinema Leblon 1, no Rio, foi vaia pra valer, como aquela que Lula levou, certa feita, no Maracanâ.
E, obviamente, aqueles seres que me odeiam, mas não vivem sem mim, enviaram suas ironias: “Também… No Leblon, você queria o quê?” Ou ainda: “Quantas pessoas do povo havia lá?” É evidente que quem faz tal indagação também não é “povo”. São esses burguesotes revolucionários da classe média, que confundem o conforto que os pais lhes ofereceram com “privilégio” — numa prova evidente de que não sabem o que é um privilégio… Mas deixo isso pra lá.
Querem caracterizar a vaia que vi e ouvi e aquela noticiada por Ancelmo como parte do descontentamento das “elites” com o governo Lula, que teria olhos para os pobres. Elite? Ora… A VERDADEIRA ELITE financiou “Lula, O Filho do Brasil”. A lista das empresas que “colaboraram” está em todo lugar, inclusive neste blog. Boa parte delas depende de facilidades do governo. No caso da Oi, a coisa é ainda mais séria: o BNDES é sócio da empresa. Aqueles que os petistas gostam de hostilizar poderiam formar o movimento dos sem-banco, dos sem-tele, dos sem-empreiteira — em suma, é uma gente que não reúne lá grandes condições de ser… petista!
Essa clivagem de classe é só mais uma vigarice. O que os petistas não suportam mesmo é haver quem não tenha caído da sedutora lábia do líder, entendem? O que eles não perdoam é haver gente que se nega a “dar a mão” para Lula porque sabe que, deu a mão, “está no papo”, como poderia ter dito certo sindicalista pensador em 1979.
“Ah, Leblon está nos 6% que não aprovam Lula” Ainda que fosse assim, constato: O QUE É ESPANTOSO É QUE ESSA GENTE CONSIGA FICAR MAIS FURIOSA COM OS 6% DO QUE ALEGRE COM OS 83%. Uma alma totalitária não consegue viver sem a unanimidade (ver post abaixo). Haver um só que diga “Não”, que se negue a dar a mão, já caracteriza um tormento pessoal e um risco de conspiração.
A idéia dos mitificadores, mistificadores e mitômanos é que não se possa comer um saco de pipoca, em 2010, sem estar olhando para a cara de Lula. Haver quem vaie o seu filme é considerado uma verdadeira afronta, uma espécie de iconoclastia. É mais feio que chutar a santa.
É assim? Então viva a vaia!