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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Aécio crava na testa de Dilma a “Futebras”, e a soberana logo muda de assunto, tentando jogar a batata quente no colo de Aldo Rebelo. Ou: Crônica esportiva brasileira, com raras exceções, é tão velha, decadente e viciada como a CBF

O PT é realmente uma máquina de destroçar reputações — inclusive de seus aliados. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, foi quem menos sonhou, entre os governistas, com uma intervenção, digamos, “política” no futebol. No máximo, ele afirmou que o Estado deveria se interessar mais pela questão, sem especificar em que medida isso poderia acontecer. […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h30 - Publicado em 12 jul 2014, 06h54
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    O PT é realmente uma máquina de destroçar reputações — inclusive de seus aliados. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, foi quem menos sonhou, entre os governistas, com uma intervenção, digamos, “política” no futebol. No máximo, ele afirmou que o Estado deveria se interessar mais pela questão, sem especificar em que medida isso poderia acontecer. Não disse nada além de uma generalidade até cabível para a hora. Foram os petistas, estes sim, por intermédio de um site oficioso chamado “Muda Mais” — trata-se de uma franja do PT, empenhada na campanha de Dilma — que saíram por aí a demonizar a CBF, atacando lideranças que estariam há décadas a infelicitar o ludopédio e coisa e tal…

    O movimento nem é novo. Quando José Maria Marin, com seu cabelo acaju, assumiu a CBF, logo foi “enquadrado” pela Comissão da Verdade, vocês devem se lembrar. Muitos chegaram a indagar se Dilma, uma ex-VAR-Palmares, aceitaria posar a seu lado numa solenidade. Como se posar ao lado de uma ex-VAR-Palmares fosse um valor meritório em si. Alguém acha que é? Apresente-se para o debate, por favor, com argumentos. Tentarei responder sem precisar apelar a cadáveres — só em último caso… Mas sigamos.

    Não foi Aldo, não! Foi o PT que tentou criar um novo polo de debate, deslocando o foco para a CBF, depois de Dilma ter tentado pegar carona, de modo um tanto atrapalhado, na Copa do Mundo. A Soberana, ultimamente, anda a ouvir vozes estranhas, não é mesmo? Não faz tempo, ela comprou uma confusão danada, quando seus “especialistas” lhe sugeriram que procurasse tirar o corpo fora da compra da refinaria de Pasadena… Até então, o único que insistia nesse assunto na chamada grande imprensa — e isso está documentado — era eu. Quando a presidente teve a gloriosa ideia de dizer que fora enganada pela diretoria da Petrobras, o assunto pegou fogo. Coisa de gênio!!!

    Mais uma vez, um de seus luminares deve ter tido uma ideia luminosa: “Presidente, livre-se daquela foto do ‘É TÓIS’ lançando a tese de que é preciso intervir na CBF”. O assunto prosperou. Intervir como? Em que medida? A resposta de Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, veio rápida e certeira, como deve ser. Sim, algo tem de ser feito para aumentar a responsabilidade de dirigentes esportivos, mas sem criar a “Futebras”. Até porque, e isto ainda não ganhou seu devido peso político, é preciso chamar o governo às suas reais responsabilidades: a Copa já acabou! Cadê as obras que tanto mudariam a vida do povo brasileiro? Pois é… Ou por outra: o governo que conseguiu afundar a Petrobras acha que pode fazer decolar a Futebras?

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    Comprando mais briga
    Cronistas esportivos os mais variados resolveram entrar na onda petistófila. Como já escrevi, é muito fácil jogar caca na CBF. Ela fica bem no papel de Geni. Mas me digam: o que a eventual corrupção na confederação tem a ver com aquele resultado ridículo apresentado em campo? Nada! Até porque é possível ser corrupto e eficiente. É possível ser corrupto e ineficiente. É possível ser decente e ineficiente. É possível ser decente e eficiente — esta, sim, a combinação desejável. Ganhamos, por acaso, cinco Copas até aqui com uma equipe que misturava São Francisco de Assis com Schopenhauer? Ah, tenham a paciência!

    Parte dessa crônica esportiva, doidinha para fazer parte de algum conselho estatal que supervisione a CBF, embarcou na mixuruquice intelectual da “Futebras” e saiu por aí a procurar bodes expiatórios. Não há nenhum! A CBF pode até ser um antro de bandidos, como querem alguns, mas qual é o peso real que isso tem na caipirice do nosso futebol? O jornalismo esportivo, com raras exceções, é o primeiro dos Jecas-Tatus  a rejeitar, por exemplo, a contratação de um técnico estrangeiro.

    Volto ao Planalto
    O governo mediu a repercussão de sua especulação intervencionista e percebeu que, mais uma vez, a coisa tinha dado errado. Na Folha de hoje, já se lê que “Dilma afasta hipótese de intervenção no futebol”, como se ela dispusesse de canais legais para intervir — e não dispõe —, jogando a batata quente no colo de Aldo Rebelo, coitado!, que acabou arcando com o peso da tentação intervencionista.

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    Lá ficou pelo meio do caminho mais uma trapalhada dos “especialistas” de Dilma em opinião pública. O mesmo cara que a aconselhou a tirar, um dia antes do desastre, aquela foto fazendo, com os bracinhos, o “T” do “É TÓIS” deve ter tido outra ideia genial: “Vamos, agora, propor a reforma da CBF”. Aécio veio e cravou na testa: “Futebras”. A soberana resolveu logo mudar de assunto.

    Os únicos que se entusiasmaram foram mesmos aqueles, como direi?, cronistas esportivos que, há 35 anos  mais ou menos, têm uma pauta fixa: atacar a CBF. Não que ela não mereça ser atacada. Merece! Mas merece também ter críticos novos, e não os candidatos de sempre a burocratas da “Futebras”.

    Atenção, veículos de comunicação! Renovem, pelo amor de Deus, a crônica esportiva!!! Com raras exceções, ela é mais velha, viciada e viciosa do que a própria CBF. Aliás, são dois atrasos que se estreitam, como diria o poeta, num abraço insano.

    Ah, sim: caso alguém se sinta, como direi?, ultrajado por essas palavras, é só se apresentar para o debate. Passei a ter especial interesse em debater com ultrajados e ultrajantes, mas sempre ultrajando com rigor.

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