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Reinaldo Azevedo

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A PETROBRAS E OS MANO: A “DESEXPLICAÇÃO” DA ESTATAL

Leram a coluna de Diogo Mainardi desta semana? Eu a reproduzo abaixo, em azul. Quem já sabe do que se trata pode ir direito para o subtítulo “A desexplicação da Petrobras”. O hip hop da Petrobras é de MV Bill. Ele canta: “Sou rapper bem! Sou aliado dos manos”. Eu pergunto: quais manos? Algumas semanas […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 17h15 - Publicado em 20 jul 2009, 17h39

Leram a coluna de Diogo Mainardi desta semana? Eu a reproduzo abaixo, em azul. Quem já sabe do que se trata pode ir direito para o subtítulo “A desexplicação da Petrobras”.

O hip hop da Petrobras é de MV Bill. Ele canta: “Sou rapper bem! Sou aliado dos manos”. Eu pergunto: quais manos? Algumas semanas atrás, a CPI da Petrobras recebeu uma planilha contendo os contratos assinados pelo departamento de marketing da empresa. Os contratos cobriam só um ano: 2008. E cobriam só uma área da empresa: a área de abastecimento, que até abril deste ano era chefiada pelo petista baiano Geovane de Morais, nomeado por outro petista baiano, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli.
Uma das empresas incluídas na planilha encaminhada à CPI despertou meu interesse: R.A. Brandão Produções Artísticas. Em 2008, ela ganhou mais de 4,5 milhões de reais da Petrobras, em 53 contratos. Ela fez de tudo: de cartilha sobre o meio ambiente (98 000 reais) até bufê em obras de terraplanagem (21 000); de dicionário de personalidades da história do Brasil (146 000) até “design ecológico em produtos sociais” (150 000).
MV Bill, o “aliado dos manos”, surgiu nesse momento. Em 2007, ele publicou Falcão: Mulheres e o Tráfico, editado pela Objetiva. O livro é assinado também por Celso Athayde, seu empresário e seu parceiro numa ONG: a Central Única das Favelas – Cufa. A particularidade do livro é a seguinte: seus direitos autorais, em vez de pertencerem a MV Bill e a Celso Athayde, pertencem à fornecedora da Petrobras, a R.A. Brandão Produções Artísticas.
Perguntei a Roberto Feith, da Objetiva, o que MV Bill tinha a ver com a empresa contratada pela Petrobras. Ele se negou a responder. Uma repórter de VEJA fez a mesma pergunta à assessoria de MV Bill, que atribuiu a Celso Athayde a responsabilidade integral pelo projeto do livro. Celso Athayde, por sua vez, ao ser indagado desligou o telefone. Como canta MV Bill, em Como Sobreviver na Favela: “A terceira ordem é boca fechada, que não entra mosca e também não entra bala”.
A R.A. Brandão Produções Artísticas está registrada em nome de Raphael de Almeida Brandão. Ele tem 27 anos. O capital da empresa, segundo a Junta Comercial, é de 5 000 reais. Como uma empresa dessas, de fundo de quintal, conseguiu ganhar 4,5 milhões de reais da Petrobras é uma pergunta que tem de ser respondida pela CPI. Trata-se de uma empresa de fachada? Ela é controlada por MV Bill e Celso Athayde? Ela realmente recebeu pelos direitos autorais de Falcão: Mulheres e o Tráfico ou limitou-se a fornecer notas frias aos seus autores? Nesse caso, ela forneceu notas frias aos “manos” da Petrobras?
Mas há um fato ainda mais escabroso. A R.A. Brandão Produções Artísticas está sediada na casa de Raphael de Almeida Brandão. No mesmo local está sediada também uma segunda empresa: a Guanumbi Promoções. De acordo com os documentos da CPI, a Guanumbi Promoções recebeu – epa! – 3,7 milhões de reais da Petrobras. Somando as duas empresas, portanto, foram mais de 8,2 milhões de reais, em 102 contratos. Na maioria das vezes, elas emitiram notas para os mesmos eventos, com as mesmas datas. Foi assim no caso de uma festa em Mossoró, no Rio Grande do Norte, de um evento de Fórmula Indy, em Indianápolis, e de um agenciamento do Hotel Blue Tree, para a Fórmula 1, em que uma empresa faturou 159 000 reais e a outra faturou 146 000 reais.
MV Bill sabe como sobreviver na favela. Ele sabe melhor ainda como sobreviver na Petrobras.

A desexplicação da Petrobras
Vocês sabem que existe o tal blog da Petrobras, não é? Ele se propõe a explicar tudo o que diz respeito à empresa e a divulgar tanto as questões enviadas pelos jornalistas quanto a íntegra das respostas dadas pela empresa. O jornal O Globo encaminhou questões relativas ao que vai na coluna de Diogo Mainardi. E o que respondeu a Petrobras? Leiam:

Em relação aos serviços citados, informamos que eles estão sob avaliação de comissão interna constituída para apurar eventuais irregularidades. A Petrobras já se pronunciou sobre o assunto, como se pode ver no Blog da Petrobras, no post Respostas da Petrobras ao jornal Folha de S.Paulo, de 14/6. O gerente responsável pelos pagamentos foi demitido por justa causa, por descumprimento de procedimentos internos de contratação da Companhia. Quanto às informações sobre os serviços realizados não é possível fornecê-las agora (domingo, 19/7). O seu correio chegou à Petrobras apenas às 16h50.

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Comento
Já não é mais domingo. E as explicações ainda não chegaram. Eu estou enganado, ou, pela primeira vez, o blog admite que coisas estranhas realmente aconteceram? O gerente foi demitido por quê? Não há resposta para nenhuma das dúvidas levantadas por Diogo Mainardi em sua coluna. A empresa existe? Prestou mesmo todos aqueles serviços?

Quanto a MV Bill… O rapper divulgou uma nota, que reproduzo e comento no post seguinte.

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