Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Raphael Montes

Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

Você sente saudade de quê?

Quero abraçar, pisar na areia, jogar vôlei. Mas ainda não é hora

Por Raphael Montes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h16 - Publicado em 12 jun 2020, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Dia desses, eu caminhava pela Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, e entrava por uma porta, à esquerda. Diante de mim, prateleiras enormes de livros, pessoas folheando exemplares nas gôndolas principais. No ambiente, um burburinho de café no 2º piso. Comecei eu mesmo a folhear alguns lançamentos, conferindo a quarta capa e as orelhas para saber mais da história ou abrindo numa página aleatória para ler um trecho. Fiz isso por alguns minutos. Então, acordei. E logo me estapeou a realidade: estamos em junho e faz meses que não visito uma livraria.

    Mesmo que eu esteja em casa, com minha biblioteca, nada substitui o prazer de visitar uma livraria e descobrir obras nas estantes, como um desbravador. Comecei minha vida de leitor — e, claro, de escritor — nos clubes do livro do sebo Baratos da Ribeiro, que ficava em Copacabana e agora está em Botafogo, a poucos quarteirões da loja com que acabei sonhando, a Travessa de Botafogo.

    Outras tantas livrarias fazem parte da minha vida: a Saraiva do Shopping Riosul, onde lancei meu primeiro livro; as demais Travessas e Saraivas, a Blooks de Botafogo, a Argumento do Leblon e a Da Vinci no Centro. Aliás, nestes tempos difíceis, cabe a nós incentivar as livrarias locais, pequenas, que precisam de leitores apaixonados para atravessar a tempestade. A maioria delas tem feito entregas on-line, com anúncios e promoções nas redes sociais. Não deixe de buscar a sua favorita e realizar uma compra, livros são boas companhias na quarentena.

    Existe uma “banalização do fim”. A população não despertou para a gravidade do que estamos vivendo

    Sem dúvida, outra saudade enorme é ir ao cinema. A última sessão em que estive foi em meados de março, no cine Roxy, o meu favorito, que agora tem sua existência ameaçada. O mesmo acontece com as salas do grupo Estação, que acaba de lançar uma campanha de financiamento coletivo no site Benfeitoria para seguir em funcionamento quando a pandemia terminar. Tenho visto filmes nos streamings, mas nada substitui o cheiro de pipoca, o apagar das luzes, o telão gigante diante de nossos olhos. Quando poderei ir ao cinema de novo? A inexistência de uma data final é o pior de tudo.

    Continua após a publicidade

    Para os cariocas, a “banalização da violência” já faz parte da rotina: absurdamente, nós nos acostumamos a frases como “não vá pela Avenida Brasil que está tendo tiroteio”, ou “soube que ontem deram facadas num cara na esquina?”, ou “mataram dois bandidos aqui no bairro”.

    Agora, existe uma espécie de “banalização do fim”. Quando o coronavírus começou, nos horrorizamos com os números de mortes que chegavam da Itália: 700, 800… Neste momento, no Brasil, os números estão por volta de 1 500 mortos por dia, com projeções de chegar a 3 000, 5 000, e parece que boa parte da população não despertou para a gravidade do que estamos vivendo: no Rio, os calçadões estão cheios; bares, restaurantes e comércios funcionam de vento em popa. Para essas pessoas, respaldadas no presidente lunático, a quarentena nunca começou. Enquanto isso, daqui, as saudades se avolumam: quero abraçar meus amigos, pisar na areia da praia, sair para um bar, fazer um churrasco, jogar vôlei. Mas ainda não é hora. Por enquanto, vou continuar sonhando.

    Publicado em VEJA de 17 de junho de 2020, edição nº 2691

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.