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Maracutaia virtual

As lições sobre confiança e culpa no infame “golpe do WhatsApp”

Por Raphael Montes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 jul 2020, 11h33 - Publicado em 24 jul 2020, 06h00

Na semana passada, minha mãe foi mais uma das muitas vítimas do “golpe do WhatsApp”. A quem não sabe como funciona, é simples: por meio dos dados de um anúncio on-line, os criminosos entram em contato com o vendedor como se fossem do site de vendas, inventam alguma irregularidade e avisam que enviarão uma mensagem SMS com um código que deve ser digitado no Whats­App para confirmação do anúncio na plataforma. Acontece que o código enviado é, na verdade, o PIN de autenticação do WhatsApp. Com o número de telefone e o PIN, os criminosos conseguem roubar sua conta de WhatsApp e usá-la em outro aparelho, passando-se por você. A partir daí, enviam mensagens aos seus contatos pedindo empréstimos.

No caso da minha mãe, ela havia anunciado um produto na OLX dias antes e só foi saber o que estava ocorrendo quando uma amiga telefonou para dizer que tinha feito o depósito pedido. Foram horas de muita tensão. Com o WhatsApp bloqueado, ela fez postagens nas redes sociais alertando do golpe e enviou SMS aos amigos. Enquanto isso, eu e meu pai enviávamos mensagens por WhatsApp aos conhecidos dela, pedindo que não fizessem nenhum depósito. Apesar da “força-tarefa”, a cada dez minutos aparecia alguém para informar que havia sido contatado e/ou feito a transferência.

Um dos amigos chegou a responder: “Pra você, eu empresto quanto quiser!”, o que fez com que os criminosos telefonassem para combinar um empréstimo vultoso, disfarçando uma voz feminina ao telefone. Felizmente, a esposa desse amigo alertou-o sobre o golpe antes que fosse tarde. O mais curioso nesses crimes é que, quando ocorrem com outra pessoa, achamos tão óbvio que nos espantamos por alguém cair nele. Mas, quando acontecem com a gente, é como se ficássemos cegos diante da obviedade. Alguns anos atrás, eu mesmo fui vítima daquele que alguém ligava para sua casa como se fosse um parente e pedia resgate de um sequestro forjado.

“Assim como devemos evitar ruas perigosas à noite, não podemos esquecer que celular e redes sociais são ruas perigosas virtuais”

O “golpe do WhatsApp” é um golpe moral. Os criminosos conseguem arrancar dinheiro dos seus contatos com base na consideração que eles têm por você. Passado o susto, e recuperada a conta, após doze horas, minha mãe ficou arrasada. Sentia-se culpada e trouxa por ter sido enganada. Quatro amigas “emprestaram” o dinheiro, em um total de quase 10 000 reais. Em crise, minha mãe se sentia na obrigação de recompensar o prejuízo, como se ela tivesse pedido os empréstimos. Era uma decisão complexa. Por um lado, os amigos tinham emprestado por confiarem nela. Por outro, ela não podia ser responsabilizada pelo engano alheio — principalmente em um golpe tão divulgado.

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Assim como aprendemos a evitar ruas perigosas à noite, não podemos esquecer que celular e redes sociais são ruas perigosas virtuais: temos sempre de andar atentos, evitando links suspeitos e contatos pouco confiáveis. Mais tarde, descobri que existe uma maneira simples de evitar o golpe, que leva menos de um minuto para programar no celular. Basta acessar as configurações do WhatsApp e ativar a identificação em duas etapas. Caso você ainda não tenha feito, vale fazer agora. Além disso, desconfie na próxima vez que algum amigo pedir empréstimo.

Publicado em VEJA de 29 de julho de 2020, edição nº 2697

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