Um estudo realizado por um grupo multidisciplinar de pesquisadores brasileiros aponta que um quarto das pessoas com 80 anos ou mais que morreram de Covid-19 em março deste ano no Brasil poderiam estar vivas se o governo federal tivesse aceitado a proposta da Pfizer em agosto do ano passado, para a aquisição de 70 milhões de doses da vacina.
No artigo “O Impacto das decisões das autoridades públicas na vida e na morte da população”, os pesquisadores estimam que 27,08% dos 13.855 idosos acima de 80 anos que morreram em decorrência do novo coronavírus no país já teriam tomado as duas doses da vacina. Considerando que o imunizante tem 95% de eficácia, o número de vidas poupadas seria de aproximadamente 3.500 só em março.
“O Brasil abdicou da aquisição de vacinas no momento em que o mundo todo estava numa corrida pela compra dos imunizantes. Infelizmente, muitas pessoas ainda morrerão por causa dessa decisão”, afirma o advogado Ricardo Barretto, doutor em Direito pela UnB e um dos autores do levantamento — também produzido por especialistas em engenharia química, economia, políticas públicas e desenvolvimento urbano.
O grupo levou em conta o cronograma de entregas de vacinas apresentado ao Ministério da Saúde pela Pfizer, e referendado nesta quinta pelo representante da empresa que foi convocado a depor na CPI da Pandemia no Senado, Carlos Murillo. O grupo pretende atualizar os dados mensalmente.