No primeiro semestre deste ano, empresas brasileiras importaram 13.700 toneladas de papel e papelão para reciclagem, por 2,7 milhões de dólares — cerca de 15,4 milhões de reais na cotação atual. Os Estados Unidos foram a principal origem desse produto e os estados brasileiros que mais compraram o material do exterior foram Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços.
Apesar de expressiva, a quantidade da importação é 17,6% menor que a registrada nos seis primeiros meses do ano passado. Mesmo assim, a medida é criticada por quem acredita que a indústria brasileira deveria priorizar a reciclagem do lixo que é produzido por aqui.
“O Brasil produz 82 milhões de toneladas de lixo anualmente, mas reciclamos apenas 4% do lixo que produzimos. Além disso, ainda importamos milhares de toneladas de lixo de outros países. Essa importação tem um impacto ambiental, já que nosso lixo acaba tendo um destino inadequado, mas também tem um impacto social”, afirma o presidente do Instituto Atmosfera de Estudos e Pesquisas Ambientais (Atmos), Marcus Vinicius Silveira.
“Isso acaba acontecendo porque o lixo importado chega com o preço baixo, as alíquotas de importação que o Brasil coloca para esse material são pequenas e ele fica barato para a indústria. Isso acaba prejudicando os nossos catadores que não conseguem vender o material a um preço adequado e são forçados a baixar ainda mais o preço do reciclável. Ou seja, essas pessoas que já estão, na sua maioria, em uma situação de vulnerabilidade, acabam sendo impedidas de conquistarem sua dignidade por causa da importação de lixo”, acrescenta.