Candidatos à presidência da Câmara, Antonio Brito (PSD-BA), Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Hugo Motta (Republicanos-PB) retomam, nesta segunda-feira, as articulações e conversas em Brasília sobre a sucessão de Arthur Lira (PP-AL) em clima de guerra fria.
Na sequência de movimentos da semana passada, quatro caciques partidários – Ciro Nogueira (PP) e Marcos Pereira (Republicanos), de um lado, e Antonio de Rueda (União Brasil) e Gilberto Kassab (PSD), de outro – tomaram de Lira as rédeas do processo eleitoral.
Ao analisar o cenário com interlocutores, Brito e Elmar têm afirmado que Motta era a “carta na manga” do atual presidente para levar a Lula o “consenso” que havia prometido, mas, com o tempo, o paraibano transformou-se em só mais um candidato – com as digitais do ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro e apoio do PL.
Já a aliança Rueda-Kassab, por ter sido firmada no mais alto nível partidário, adiciona aos cálculos sobre a sucessão na Câmara o elemento da eleição no Senado, em que Davi Alcolumbre, do União Brasil, é hoje favorito absoluto.
Um parlamentar entusiasta da parceria diz que, agora, as legendas não tratam mais das disputas nas Casas do Congresso separadamente. Por esse raciocínio, o PSD pode oferecer uma declaração pública de Otto Alencar, seu líder no Senado, em apoio a Alcolumbre para, na Câmara, receber em troca um gesto de Elmar pela candidatura de Brito.
Compasso de espera
É aposta segura dizer que Lira vai chamar os três concorrentes para rodadas de conversas na residência oficial da presidência da Câmara tão logo seja possível e tentar reassumir o controle da própria sucessão.
Os candidatos, por sua vez, estão em compasso de espera. Ninguém vai colocar o bloco na rua com o jogo indefinido – leia-se, ainda sem declaração de apoio do PT para um lado ou outro.
A campanha de Motta, que tem Ciro Nogueira e Marcos Pereira como fiadores e apoio do PL de Bolsonaro, vai ficar de olho nas tratativas de Lira com Lula e a federação PT/PCdoB/PV, de 80 deputados, ponta de lança da bancada governista.
Do QG da aliança União Brasil-PSD, partem recados para o Palácio do Planalto: de que lado o governo Lula acha que Republicanos, PP e PL estarão nas eleições de 2026? O PT vai preferir embarcar em um grupo com digitais bolsonaristas ou se integrar a uma aliança só com partidos que dão sustentação a Lula?
Um deputado que acompanha as movimentações cogita até que Lira possa tentar novamente articular uma candidatura de consenso com algum nome “que ninguém está falando”.
A pouco menos de cinco meses para a eleição, em 1º de fevereiro de 2025, o único consenso na Câmara é sobre o erro de cálculo do atual presidente da Casa quando, por vontade própria, estabeleceu o prazo de 31 de agosto para anunciar a quem daria sua bênção.
“Foi um desastre”, resume um líder de bancada.