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Ações de Moro vão, aos poucos, sendo apagadas do governo Bolsonaro

Temas avessos ao ex-ministro, como flexibilização do porte de armas e volta do Ministério da Segurança Pública, estão na nova ordem do dia

Por Evandro Éboli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 jul 2020, 09h58 - Publicado em 20 jul 2020, 06h06

Num discurso em cima de um carro de som numa manifestação armamentista, há duas semanas, Eduardo Bolsonaro anunciou que horas depois iria se reunir com o ministro da Justiça, André Mendonça, e discutir a flexibilização do acesso a armas no país. O encontro se deu e o filho do presidente postou em suas redes.

Essa conversa talvez não tivesse ocorrido na gestão do antecessor Sergio Moro, avesso a armar a população de modo aberto. A aposta em temas antes evitados por Moro, no entanto, é a nova realidade na gestão do MJ, que tenta apagar a passagem do agora inimigo da primeira família do governo.

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Aos poucos, as ações, ou o “legado” de Moro, no ministério se esvai. Razão da saída de Moro, o controle da Polícia Federal pelo Planalto virou uma realidade. O atual diretor-geral da instituição, Rolando Alexandre, foi colocado no cargo por Jair Bolsonaro.

A recriação, dada como certa, do Ministério da Segurança Pública, é outra mudança na linha de ação de Moro, que foi contra o desmembramento do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

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Outras atribuições assumidas por Mendonça são inimagináveis numa gestão Moro, como ter apresentado um habeas-corpus no STF para evitar a prisão de  Abraham Weintraub, com base na famigerada Lei de Segurança Nacional. Na reunião de 22 de abril, o ex-ministro da Educação chamou de vagabundos os ministros do STF.

Até mesmo a transferência presos ligados ao crime organizado – uma política adotada por Moro em auxílio aos estados – é alvo de bolsonaristas, que querem que o atual ministro da Justiça evite que retorno de chefe de facções ao presídios e cidades de origem. Esse pedido tem chegado a Mendonça por meio de deputados.

Aliado de Moro no Congresso, o deputado José Nelto, de Goiás, ex-líder do Podemos, diz que a saída do ex-juiz da Lava-Jato do governo foi um retrocesso e que o cenário é de preocupação.

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“O ex-ministro Moro foi boicotado pelo próprio governo, como no caso do juiz de garantia e em outros casos. Vejo com muita preocupação o que está acontecendo. A Polícia Federal não pode ser usada para perseguir adversários políticos. É uma polícia de Estado. É uma incógnita o que vai ocorrer. A sinalização não é boa”, disse Nelto.

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