A bronca que o presidente Lula deu durante uma reunião com mais da metade do seu ministério, na manhã desta terça-feira, teve como principal alvo o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, que nesta semana anunciou o programa “Voa Brasil”, para oferecer passagens aéreas subsidiadas a 200 reais para uma faixa da população.
No seu pronunciamento, o petista não citou nenhum exemplo específico, mas determinou que seus ministros não anunciem publicamente qualquer política pública que não tenha sido acordada previamente com a Casa Civil. E disse que, durante a conversa, longe das câmeras, iria citar “alguns casos que já aconteceram e que não podem se repetir”. França não participou do encontro, voltado à área social do governo.
Abusando da ironia, Lula justificou que “toda e qualquer posição, qualquer genialidade que alguém possa ter, é importante que antes de anunciar faça uma reunião com a Casa Civil”.
“Para que a Casa Civil discuta com a Presidência da República, para que a gente possa chamar o autor da genialidade, e a gente então anunciar publicamente como se fosse uma coisa do governo, que estejam de acordo os outros ministros, a Fazenda, o Planejamento, porque assim é que a gente cria as condições motivadoras de todo mundo concordar com a política que foi anunciada. Então isso é muito importante pra manter a unidade e a coesão do governo, e nós temos muita, muita coisa para anunciar, coisa que nós já fizemos, coisa que nós vamos fazer nova…”, declarou o presidente.
O pito também resvalou no ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, que nesta segunda-feira fez uma publicação em suas redes sociais sobre o “Voa Brasil”.
“O Governo Lula está prestes a lançar programa que pretende baratear o custo das passagens aéreas no Brasil. A medida terá o objetivo de atingir aposentados, funcionários públicos e estudantes, que recebam até R$ 6,8 mil. O plano é que as companhias possam ocupar vagas ociosas de voos com valores de R$ 200 a passagem”, escreveu o chefe da Secom, que participa da reunião.
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O Radar apurou que o anúncio de França não foi coordenado com o Ministério do Turismo, que previa ter mais detalhes sobre a proposta ao longo desta semana. Uma das principais bandeiras de Lula na área era a retomada das viagens de avião entre a população de menos renda.
A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, já participou de reuniões com as empresas aéreas e com a Petrobras no sentido de buscar uma solução para o preço das passagens, que subiram muito nos últimos anos na esteira da alta dos combustíveis.