Em visita do deputado Guilherme Boulos ao Sindicato de Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo nesta semana, um dos presentes, que declarou apoio ao psolista nas próximas eleições, chamou atenção.
Ex-ministro do Trabalho e da Previdência de Fernando Collor, Antônio Rogério Magri fez um discurso inflamado contra os demais pré-candidatos que se apresentam para o pleito de outubro.
“O Boulos tem a minha cara. Aonde eu vou, falo sobre ele”, disse Magri ao Radar. “São Paulo precisa de alguém com esse perfil. É uma capital onde o trabalhador ganha muito mal”, acrescentou.
Instrutor de judô há mais de 60 anos, Magri é presidente do Sindicato dos Profissionais de Educação Física de São Paulo e Região e compõe a diretoria estadual da União Geral dos Trabalhadores (UGT). Ele foi o primeiro sindicalista a assumir um ministério na nova República brasileira, mas o fim de seu mandato não acabou bem.
Magri foi demitido em 17 de janeiro de 1992. Em fevereiro daquele ano, surgiram denúncias de que ele teria recebido propina de 30.000 dólares para liberar recursos do FGTS para uma obra do governo do Acre.
A denúncia veio em uma gravação de um telefonema, em que o ex-ministro pedia propina a um gestor do INSS e usava, como exemplo, o esquema que fez para facilitar a construção no Acre. Assim como na época, o sindicalista nega a acusação.
Hoje, ele afirma que foi exonerado do governo Collor por uma questão de governabilidade. Prova disso, diz Magri, é que sua pasta de Trabalho e Previdência foi dividida em duas. A história não é bem assim.
O ministro que o sucedeu, Reinhold Stephanes, assumiu as mesmas atribuições. E, depois de três meses, Stephanes ficou apenas com a Previdência e João Mellão Neto, com o Trabalho.
“A Cidinha Campos, uma deputada que tinha raiva do Collor, e ele (um jornalista que não quis especificar) fizeram aquilo para atacar mais o Collor do que eu. Então, acabou, terminou, não tem mais nada que ficou na minha vida”, argumenta Magri.
Aos 83 anos, as denúncias de corrupção passiva, de fato, não pesam mais na vida do ex-ministro. Apesar de ter sido condenado a dois anos de regime fechado, Magri não chegou a cumprir a pena. Sua defesa entrou com recursos e pediu habeas-corpus. Em 2018, a Justiça Federal do DF decretou a extinção da punibilidade do sindicalista.
Enquanto ministro, Magri ficou conhecido por falas inusitadas, como quando disse que o Plano Collor era “imexível”, ou quando justificou as caronas à sua cadela Orca em carro oficial: “A cachorra é um ser humano como qualquer outro”.