Um levantamento do Instituto Ilumina propõe um olhar crítico às privatizações ocorridas no Brasil nas últimas duas décadas. Segundo o estudo, mesmo depois de privatizadas, as empresas continuaram a demandar recursos do Estado por meio de empréstimos do BNDES só que em escala muito maior do que o que elas geraram aos cofres públicos em seus processos de venda.
O instituto é contra a privatização de Eletrobrás e tenta com os números sensibilizar a opinião pública e evitar a troca de comando da gigante de energia, em pleno curso. A entidade somou o valor da venda de 80 estatais entre 1995 e 2021 e o comparou com o montante que essas empresas, já privadas, pegaram emprestado do BNDES no mesmo período. São empresas dos setores petroquímico, de telecomunicações, metalúrgico, de mineração, bancário, elétrico, de transportes e entre outros
A receita total da liquidação das estatais no período foi de 106 bilhões de dólares, aproximadamente 580 bilhões de reais, em valores de 2021. Já os contratos das empresas com o BNDES em igual período foi de 4,5 trilhões de reais, em valores atualizados. O montante é sete vezes o valor obtido pelo Tesouro com as privatizações.
“Não se trata de condenar as privatizações, mas sim de perguntar se o Brasil domina esse processo. Depois de tantas transferências de indústrias e serviços ao capital, por que um banco público é ainda tão exigido?”, questiona o diretor do Instituto Ilumina, Roberto D’Araujo.