PF pune delegado Saraiva por tentar “destruir a reputação” de ex-diretor
Ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas enviou representação contra Paulo Maiurino, indicado de Bolsonaro, à Corregedoria da corporação
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, aplicou uma pena disciplinar de 31 dias de suspensão ao delegado Alexandre Saraiva, ex-superintendente da corporação no Amazonas que foi transferido em 2021 para a Delegacia de Volta Redonda (RJ) após encaminhar notícia-crime ao STF contra o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
A punição decorre da apuração de um processo administrativo aberto em 2022, ainda na gestão de Jair Bolsonaro. A portaria com a decisão, assinada na última quinta-feira, foi publicada no Boletim de Serviço interno da PF e obtida com exclusividade pelo Radar nesta terça-feira.
Segundo a portaria, Saraiva foi sancionado por ter enviado representação diretamente à Corregedoria-Geral da PF contra o então diretor da corporação, Paulo Maiurino, “sem o conhecimento de seus superiores, ao arrepio dos princípios da hierarquia e disciplina que regem a instituição policial federal”.
O ato aponta que o delegado também descumpriu norma geral do regime jurídico dos servidores públicos federais e foi “desleal com a instituição ao tentar destruir a reputação do Diretor-Geral da Polícia Federal, fazendo, publicamente, graves acusações e tecendo reiteradas críticas, sejam direta ou indiretamente, além de questionar atos praticados pela Administração, condutas que configuram a prática da transgressão disciplinar prevista no inciso XX do artigo 43 da Lei nº 4.878/1965 (c/c parágrafo único do artigo 116 da Lei nº 8.112/90 e com o artigo 34 da Portaria nº 6.475/2016-DG/PF), e o descumprimento do dever funcional previsto no inciso II do artigo 116, c/c artigo 129, in fine, da Lei nº 8.112/1990 (em concurso material)”.
Procurados, a PF e Saraiva não quiseram se manifestar sobre a punição.
Histórico de Saraiva
Em 2022, o delegado se candidatou a deputado federal no Rio de Janeiro pelo PSB, mas não foi eleito. No fim do mesmo ano, integrou a equipe de transição para o governo Lula sobre meio ambiente, chegando a ser cotado para comandar o Ibama — o que não ocorreu.
Anos antes, ele foi sondado para chefiar o Ministério do Meio Ambiente no governo Bolsonaro, mas Salles foi o escolhido.