A PF deflagrou na manhã desta quinta-feira uma operação para apurar crimes cometidos ao longo de mais de quatro décadas de exploração de sal-gema em Maceió, que resultou no afundamento do solo em bairros da capital alagoana e expulsou mais de 60.000 moradores da região, em 2018. A Braskem é empresa responsável pela mina que está em risco de colapso, mas não foi citada no comunicado da Polícia Federal à imprensa.
Batizada de “Lágrimas de Sal”, em referência ao sofrimento causado à população, a operação tem como objetivo “robustecer o conjunto probatório existente e elucidar pontos referentes à apuração dos crimes”, de acordo com a nota. Cerca de 60 policiais federais cumprem 14 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal de Alagoas, sendo 11 em Maceió, dois no Rio de Janeiro e um em Aracaju.
“De acordo com as investigações, foram apurados indícios de que as atividades de mineração desenvolvidas no local não seguiram os parâmetros de segurança previstos na literatura científica e nos respectivos planos de lavra, que visavam garantir a estabilidade das minas e a segurança da população que residia na superfície”, informou a PF.
“Além disso, foram identificados indícios de apresentação de dados falsos e omissão de informações relevantes aos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização da atividade, permitindo assim a continuidade dos trabalhos, mesmo quando já presentes problemas de estabilidade das cavidades de sal e sinais de subsidência do solo acima das minas”, complementou.
A polícia afirmou ainda que os investigados poderão responder pelos crimes de poluição qualificada, usurpação de recursos da União, apresentação de estudos ambientais falsos ou enganosos, inclusive por omissão, entre outros delitos.
A Braskem disse que está acompanhando a operação da PF nesta manhã e que está à disposição das autoridades, “como sempre atuou”.
“Todas as informações serão prestadas no transcorrer do processo”, acrescentou a empresa.