O timing da virada de chave do bolsonarismo com o PL da Dosimetria
Parlamentares ligados a Bolsonaro admitem que eventual prisão do ex-presidente pode mudar sentimento de aliados em relação ao projeto

Resistentes ao projeto que pretende reduzir penas de condenados por golpismo no STF — ainda apostando na anistia ampla e irrestrita como único caminho –, parlamentares ligados a Jair Bolsonaro avaliam que a proposta só ganhará apelo político, a partir de um momento vital para o ex-presidente: a decretação de sua prisão em regime fechado.
Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão. Em algum momento, ainda neste ano, será obrigado a começar a cumprir essa pena num presídio, numa sala especial da Polícia Federal ou numa unidade militar do Exército.
É aí que a redução da condenação, hoje refutada por bolsonaristas que têm interesse de explorar a situação do capitão eleitoralmente, pode começar a fazer sentido. Essa é a leitura dos próprios aliados de Bolsonaro. A avaliação é que a postura deles mudará quando o ex-presidente de fato for preso.
Nas últimas semanas, o relator Paulinho da Força tem se reunido com bancadas partidárias para coletar o sentimento em relação ao PL da Dosimetria. O PT resiste a votar qualquer iniciativa, enquanto o PL deseja uma proposta generosa.
O Centrão é o único que dá suporte à medida, mas os votos não seriam suficientes, o que aumenta as chances de o texto ser colocado em banho maria, pelo menos por um tempo.
Quando a cadeia para Bolsonaro e outros condenados de fato virar realidade, a aposta é que vai ser neste momento que cederão ao texto defendido por Paulinho para conseguir emplacar algum acordo que garanta pelo menos uma prisão domiciliar.