O tamanho do abismo no controle de armas e munições no país
Não há, no governo, iniciativa para criar um setor exclusivo de fiscalização para o setor
Na edição de VEJA que está nas bancas, o Radar mostra, a partir de dados exclusivos do Exército, como a atual estrutura de controle de armas é precária e insuficiente na realidade atual do país.
Com uma das maiores e mais complicadas fronteiras do planeta, o país não tem um órgão exclusivo para fiscalizar armas e munições. Os militares que cuidam dessa área também são responsáveis, segundo a instituição, por outros 120 setores (um mesmo militar é responsável por uma infinidade de ações).
Com 27 estados a fiscalizar, o controle de armas é dividido em 12 regiões. Só em lojas de munições, o país tinha, na gestão de Jair Bolsonaro, 3.456 estabelecimentos. Desse total, pouco mais de 600 informaram corretamente ao Exército as vendas realizadas no governo passado por meio do chamado “mapa de vendas”.
Estados como São Paulo e Minas Gerais, acredite, não informaram vendas de munições durante todo o governo Bolsonaro. Não é pouca coisa.
Não há pessoal nem capacidade para fiscalizar presencialmente e periodicamente os pontos de vendas de munições. Esse controle fica nas mãos dos próprios vendedores, que registram no sistema o que supostamente está sendo vendido. É um caso clássico de setor que teoricamente se regulamenta sem a presença do Estado.
Para piorar, a gestão Bolsonaro cortou pela metade os recursos gastos em fiscalização ao mesmo tempo que ampliou de forma descomunal o número de pessoas armadas no país, a partir de incentivos ao registro de novos CACs.
E não há, no governo atual, iniciativa para criar um setor exclusivo de fiscalização de armas e munições.